segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

UTOPIA




Distantes ou perto
Longe da terra de seus ancestrais
Ou no berço certo
Há um povo de características tais
Que não se iguala ao caboclo nordestino
Nem ao galego sefardita
O Sol do sertão baiano foi seu destino
E os traços de seus olhos, de origem israelita
Na caatinga encontrou seu rumo
Vestiu o gibão do vaqueiro
Trocou a uva pelo umbu e seu sumo
Continuou com seu Deus verdadeiro
Mas trocou Shalom por Oxente
Modificou seu sobrenome de origem
Mais de uma vez, outra vez, inteligente
Jurou pelo amor da Virgem
Pra se livrar da fogueira
Seus filhos não sabem quem são
Pensam que arrastam eras
Perdidos no sertão
Ser... tão.... distante, sertão distante
Almas confundidas
Misturadas entre si de modo constante
Continuam sua lida
Sem ao menos ter ideia
Que nesta vida
Os lobos tem alcateia
Os peixes cardume
Os bois manada
Até os vagalumes
Que parecem voar pelo nada
Luzindo errantes
Tem uma rainha fada
Que une os seres faiscantes
E faz as suas faiscas
Brilharem unidas
Num luzeiro que pisca
Que pisca-pisca vidas.
Mas os descendentes do Buri
Que não nasceram lá
Não tem apego, não vi
Não sentem seu DNA
Não ouvem a voz do sangue
Do pulso que pulsa salmos
Não são como bumerangue
Levam seus dias calmos
Não se atém para dentro
Que no fundo do quengo
Lá no coco, bem no centro
Tem triângulo com dengo
Tem zabumba que não vacila
Tem sanfona com xamego
Tem baião com Hava Nagila
Tem xote com Hine Matov
Tem cordel com Tehilim
Tem festa quando chove
Lá José é Zim
Manoel é Maninho
Senhor é Ioiô
Pai é painho
Voinho é o avô
Faz tempo é d'ôje
d'ôje a oito é Semana que vem
E cor de burro quando foge
Não existe, não tem
Porque nunca dá tempo disso acontecer
Lá tem vaqueiro valente, peão coisado
Com sangue nos zoio a correr
E se o burro foge, coitado
Dá dois passos e cai
Nem percebeu ser laçado
Fugir de novo não vai
Nem o boi desaforado
Nem o cavalo atrevido
Quem manda lá é o cabra da peste
E bicho maluvido
Que não passa no teste
Vira matula na roça
Alimenta o agrossistema
E você, primo que acha que é da bossa
Que é carioca da gema
Que é paulista da garoa
Que é mineiro esperto
Que é mochileiro e vive a toa
Que é estrangeiro sem rumo certo
Que é gaucho da peleia
Que é catarinense juliano
Que é capixaba de muqueca cheia
Que é paranaense curitibano
Que é goiano, matogrossense,
Sulmatogrossense,
Sergipano, piauiense,
Pernambucano, cearense,
Alagoano, tocantinense,
Potiguara, maranhense,
Rondonense, roraimense, acreano,
Paraibano, paraense,
Amapaense, amazonense,
Seja lá de onde acha que pertence,
É semita a sua raiz,
Judeu, assim te chamo
Hibérico, seu tronco diz,
Espanhois e portugueses os seus ramos
Nordestinos os seus frutos, suas folhas
Queira você esconder, apagar
Você não tem essa escolha
Não é pegar ou largar
Vista o gibão na alma marrana
Ponha o solidéu na cabeça hibero-americana
Bote a cruz de malta na precata baiana
Bula tudo in riba de um tacho de melado de cana
E esta é a receita pra fazer você
Ame suas origens, sua história, seja sábio,
Não renegue que em suas veias tem dendê
Pastel de belém nos lábios
Maçã com mel no sorriso
Junte-se mais, traga os seus
Enterre seu preconceito de parente
Com a ajuda de Deus
O empenho da gente
Não seremos como o ditado
Que um povo sem tradição
Sem apego, sem cuidado,
A cada geração
Morre uma vez
Não sei quanto ja morremos
Mas quem sabe, talvez.
Juntos poderemos
Mudar
Fazer diferente
Voltar
Ser um novamente
Resgatar tradições perdidas
Fazer encontros novos
Deixar um legado às novas vidas
Misturar os costumes dos povos
Criar uma nova tradição
Fazer ela perpetuar-se
Compor nova canção
Cada um habituar-se
E nunca mais nos perdermos
Ao contrário, cada dia descobrirmos além
Todo dia nos conhecermos
Se você quer ver isso acontecer: - Venha também!

Danilo Marques

Se este texto te sensibilizou, se você quer um novo tempo nesta familia (me refiro a graaande familia espalhada), colabore, leia os textos (na íntegra, pois muitos que curtem, depois perguntam de assuntos que eu já publiquei), tente ajudar como você puder, somar, dê o seu melhor. Traga os primos, assista o video "O Umbuzeiro" e leia a s novas chamadas explicativas sobre a família e os pedidos de ajuda e colaboração.

SE NEM TUDO PODE SER RESGATADO, VAMOS RECOMEÇAR!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

CIPÓ E A TEMPESTADE OU... DA INCOMPETÊNCIA GESTORA

Há quatro semanas a população de Cipó vem sofrendo as consequências da tempestade que assolou a cidade e destruiu completamente cerca de cinquenta residências, principalmente na comunidade da Fazenda Gideão.

A prefeitura Municipal decretou estado de Calamidade Pública, na ocasião dos preparos para a Festa de Reis, um dos mais tradicionais festejos da região, contudo, concretamente, nada foi feito. A Lei de BenefíciosEventuais, sancionada ao final de 2015, previa doação orçamentaria para atenção às necessidades da população em diferentes situações, incluindo, em casos de desastres naturais, o pagamento de alugueis sociais, dentre outros benefícios ali citados.

O que se percebe é que, decorridos quase um mês, a população se vê ainda desamparada pelo poder público. Os moradores do Gideão dizem que o prefeito visitou a comunidade um dia aos a tempestade, em comitiva, com os vidros do carro fechados, apenas filmando de uma réstia do carro e que jamais desceu para prestar sua solidariedade.

Em depoimento gravado com autorização dos mesmos, estes relatam que sentiram-se extremamente ofendidos com o descaso e o escárnio com que a situação foi tratada, ao tempo em que elogiam a população cipoense pela solidariedade e preocupação demonstrada. Validam também a importância das doações recebidas por Ribeira do Pombal, Antas, Fátima, Crisópolis, Nova Soure, Adustina, Madre de Deus, Cícero Dantas e outros municípios.

É preciso citar também, que diante de toda essa tragédia, há aqueles políticos que se aproveitam das dores alheias para se promover. Nunca se viu tantos deputados e assessores visitando Cipó, fotografando, tentando fazer das dores alheias, motivos para a garantia de votos.

As casas continuam ao chão. As que estão sendo reconstruídas nesse momento, são as que os proprietários receberam doações diretas e que não tiveram seus materiais de construção roubados por aqueles que se aproveitam da miséria alheia. Sm, os moradores relatam que estão sendo covardemente roubados e que os meliantes chegam à noite nas casas destruídas e levam telhas, blocos, madeira, enquanto os moradores estão vivendo de favor em casas de parentes.

Enquanto isso, nossos administradores aproveitam suas férias no litoral ou nos países do Mercosul. O dinheiro que não foi gasto na festa de Reis e que pode e deve ser utilizado na reconstrução das casas, não se sabe por onde anda.

A prefeitura alardeia que distribuiu colchoes, alimentos e que receberá 40.000 blocos, mas esses insumos foram fruto de programas do Estado e de doações das pessoas comuns. O lixo toma conta das ruas, o entulho das construções abarrota as calçadas, o dinheiro flui como o rio para as contas de poucos, enquanto muitos tem seus sonhos paralisados pela força do vento que já passou. A vida se arrasta lenta, como as águas do Itapicuru, que lentamente retorna ao seu leito.

Nossa cidade está sendo varrida do mapa. Não por um furacão, mas pela falta de compromisso de nós mesmos, cidadãos cipoenses para com a nossa cidade. Nos roubaram até a dignidade e a força para dizer das nossas dores, do nosso desamparo.

Para finalizar gostaria de agradecer à equipe da Rádio Pombal FM pela calorosa acolhida nesta manhã de terça-feira e, diante da repercussão da audiência, gostaria de esclarecer alguns pontos:
1 - a entrevista foi gravada por um cidadão ouvinte da rádio que estava na rua compartilhou através do whattsapp, por isso não estava com uma boa qualidade sonora. Assim que for disponibilizado o áudio por parte da Pombal FM, compartilharei com amigos e certamente eles a replicarão em outros grupos.

2. - embora eu more e trabalhe em Salvador e minha família em Cipó, nenhum de meus parentes tem empregos na prefeitura, exceto os que são concursados. Não viso a nenhum cargo público, muito menos “mamar” na máquina pública como é de costume de muitos que se dizem éticos e comprometidos com a cidade. Meus irmãos não residem em Cipó e todos trabalham e exercem suas funções com competência e sem dever favores a nenhum político, portanto, minha opinião continua e continuará independente. Não acredito nas pessoas que tem seus empregos ou galgam degraus na hierarquia por indicações políticas e sim naquelas que crescem profissionalmente pelos seus próprios méritos e competências.

3. Acredito no fruto do trabalho, do compromisso e da responsabilidade e todos que doaram e doam seu tempo em benefício do seu semelhante não tem necessidade de aparecer e sim de fazer o bem. Vamos parar de pensar que só se faz algo por alguém buscando retorno. Graças a Deus, os bons ainda são maioria neste mundo, senão estaríamos perdidos!

Por fim, não espero mais as águas de um novo tempo, que já não é mais novo, e que escoa lentamente, deixando atrás de si um rastro de destruição, de morosidade, de irresponsabilidade e de incompetência em todas as áreas.

E por falar em águas, Odoyá, Yemanjá!

Niclécia Gama, em 02.02.2016.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

CAMPANHA DE AJUDA A CIDADE DE CIPÓ - BAHIA

Nas ultimas semanas o povo de Cipó e seus povoados vem lutando contra os estragos causados pelo homem. Jamais podemos dizer que um fenômeno da natureza seja culpado de uma tragédia. todo efeito tem uma causa. o Mundo vem atravessando um tempo de mudanças graças a interferencia humana nociva. o desmatamento, as queimadas, a corrida do progresso sem a devida orientação de engenheiros e técnicos e assim por diante.
Mesmo tsunamis e terremotos, coisa que aparentemente não parece ter a mão do ser humano tem, sempre teve, o planeta responde, ele é vivo.
há muito tempo que a caatinga vem sendo desmatada; não é novidade o calor intenso da região desde tempos imemoriais; a falta de árvores facilitou a formação de dois tornados vistos segundo testemunhas oculares, clicando aqui voce poderá ler o depoimento da prima Niclécia.

Culpados a parte, o que mais importa imediatamente é cuidar do outro.

Quem puder colaborar com donativos, seja alimento, roupa, trabalho, material de construção, móveis, utensílios domésticos, cuidados médicos, remédios, o que for de ajuda, procure Niclecia Gama no facebook, ou os pontos de arrecadação que estão no fim desta postagem.

No dia 04 de Janeiro último uma tempestade de vento e chuva levantou árvores e telhados, colocou casas a baixo e encheu as ruas.


  




A Defesa Civil do estado da Bahia, a Prefeitura Municipal de Cipó, funcionários e um número grande de voluntários, Assistentes Sociais e equipe da secretaria de Obras, Habitação e Urbanismo estão dando atenção e atendimento emergencial, oferecendo espaços públicos em condições de uso para os desabrigados; outros que preferem, estão em casas de parentes e amigos. 

A comunidade do Gedeão foi a que mais sofreu perdas.

Máquinas e funcionários do CISAN (Consórcio Intermunicipal do Semiárido Nordeste II), foram deslocadas até Cipó para ajudar nos serviços de recuperação.


No último dia 14 a Defesa Civil  do estado da Bahia recebeu estes dados oficiais da Prefeitura de Cipó...



A ajuda está chegando de todas as partes...

Rádio Pombal...



 Rádio Milenium...



Radio Amparo...




Município de Fátima...


Município de Tucano...



Salvador...



Madre de Deus...




Banzae...



E a festiva visita da Boneca Amália entregando brincandos e contando histórias na comunidade Gedeão. Uma iniciativa da professora Niclécia Gama, sua filha Ana Clara e amigas, seus colegas da UFBA, as bandeirantes, a prima Tahinã Gomes, Pietra, Miriam, Junior, Tahina, Zenaide, Jujuba, Paçoca, Antonio Alberico, Tereza e Luci.


Para todos os interessados nesta grande Campanha, as doações estão sendo recebidas nos seguintes endereços...

CIPÓ-BA: Núcleo do Artesão, no Grande Hotel e Rádio Millênium FM;

RIBEIRA DO AMPARO-BA: Rádio Amparo FM;

SALVADOR-BA: Casa de apoio do paciente cipoense, das 08h às 12h30min. A casa fica em uma rua ao lado da Cresauto-Fiat, localizada na Av. Bonocô (Em um sobrado ao lado da UPA 24h).

Outras informações pelos telefones...
075 3435-2166 ou 1047
075  9-9930-5323 vivo e whatsApp
075  9-8197-7201 claro
075  9-9114-3459 tim