quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Pacífica

Contribuição de Raimunda Maria Bastos dos Reis Rodrigues.
Sugestão de Jucyvania Santana.

Naquela época não existia funerária em Cipó. O caixão era confeccionado durante o velório, com madeiras recicladas (portas velhas e sobras em geral).
O(a) falecido(a) ficava numa cama enquanto isso. 

O caixão de Pacifica foi feito por homens que ao mesmo tempo tomavam pinga, como era costume na época.
Quando colocaram-na dentro do caixão e pregaram a tampa, um prego prendeu um dedo do pé, assim ela foi enterrada.

Casada, mãe de cinco filhos, Pacífica morreu em consequência de complicações no baço. 

Agora é que começa a história propriamente dita. Ela morreu em abril, em setembro pessoas conhecidas dela, parentes e amigos começaram a sonhar com ela; o sonho sempre se repetia, ela pedia que fossem ao cemitério desenterrá-la, abrissem o caixão e retirassem o prego que estava prendendo o seu dedo, pois isso a estava impedindo de se libertar deste plano. Dizia também que não se preocupassem que ela estava perfeita, apenas um pequeno suor no pescoço.

Depois de um vizinho não suportar mais a repetição do sonho, chamou um dos filhos dela e junto com alguns parentes e amigos se prontificaram a realizar o pedido da falecida. Foram ao cemitério numa madrugada e desenterraram-na, como foi pedido.

Ao abrirem o caixão todos ficaram impressionados com o que viram. Ela estava como se tivesse sido enterrada naquele dia.
Conforme ela havia dito no sonho, estava realmente com um pouco de suor no pescoço.
Fizeram o que ela pediu. Soltaram o dedo que estava preso e depois disso ela veio em sonho agradecer. 

Sua cova passou a ser muito visitada.
Pessoas curiosas e outras fazendo orações e pedindo graças.

Muitos comentavam que nasciam plantinhas em volta da cova, que estavam sempre verdes mesmo nos períodos de seca.

A partir disso pessoas passaram a chamá-la Santa Pacífica.

Eu tenho uma pequena lembrança dela, sempre que ia na nossa casa ficava horas admirando minha mãe (Ligia) bordar.

Raimunda Rodrigues
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Nota do Blog:
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Não pense se seu texto está ou não bem escrito, o importante é perpetuarmos a história. Se necessário farei a revisão.