quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

FELIZ HANNUKAH, Resgatemos nossas origens, comemoremos!


Neste próximo dia 06 de Dezembro comemoremos o Hannukah (leia-se chanuká), em agradecimento a Deus.
O Hannukah é como um Natal para os judeus, mas comemora-se outro fato e é bem anterior ao Nascimento de Cristo, o qual é uma festa pagã e nada tem a ver com a data em que Jesus nasceu, uma vez que Ele nasceu cinco anos antes do ano datado de Ano 01 e em Setembro. (Veja mais clicando aqui) Mas vamos nos ater ao ensino do Hannukah por enquanto...

- O que houve?
O feriado comemora o triunfo da fé e da coragem sobre o poderio militar, quando um grupo de Israelitas lutou pelo direito de ser Judeu. Eles foram proibidos, sob pena de morte, de estudar os textos sagrados ou de realizar as importantes mitzvot. O Templo sagrado deles foi profanado, e ordenaram que eles adorassem outros deuses. Porém, um pequeno grupo de Israelitas fiéis reconquistou o Templo, dedicando-o novamente a Deus. A chama eterna no grande menorah do Templo (o candelabro) tinha de ser acesa. Mas o sagrado azeite de oliva necessário para a queima da lâmpada precisava de 8 dias para ser purificado. Os Judeus tinham um suprimento de óleo que duraria apenas um dia. Eles decidiram, pela fé, acender o fogo de qualquer modo. Então, um grande milagre aconteceu. A jarra reencheu-se sozinha com óleo suficiente para reacender o grande Menorah do templo, e isso continuou por 7 dias, o tempo exato para a preparação do novo óleo! É um erro comum afirmar que o óleo queimou continuamente por 8 dias. Desde então, o Hannukah é comemorado por 8 dias para relembrar do milagre em que o Menorah queimou por 8 dias no Templo. O principal milagre do Hannukah é a vitória dos Macabeus (a família que resistiu até o fim) contra o mais poderoso exército do mundo da época, os Assírios.

- Onde está essa história na Bíblia?
Na Biblia católica está nos livros dos Macabeus e Judite; infelizmente esses livros foram considerados apócrifos quando da compilação da Biblia evangélica porque ensinavam um costume judeu, considerado pelo protestantismo como idolatria.
Ora, se é para Deus, é idolatria?

- Por que devemos rememorar?
Porque nossos ancestrais também viveram este momento.

- Como comemorar?
Consiga um Menorah. A coisa mais básica necessária para a comemoração do Hanukkah é um candelabro de nove braços, chamado Menorah (ainda que, tecnicamente, a Menorah possua sete braços), e velas.
Oito dos braços representam as oito noites, enquanto que o último (em uma altura diferente, geralmente mais alto que o restante) é chamado de shamash, ou vela da ajuda, e costuma iluminar o resto das velas. O Menorah normalmente é aceso durante ou após o por do sol.
Na primeira noite, o shamash (a vela mais alta) é aceso, uma benção é declarada em bom som, e em seguidae a primeira das velas menores é acesa, esta é a primeira da extremidade direita do Menorah.
Velas são posicionadas da direita para a esquerda, mas acendidas da esquerda para a direita. A primeira vela a ser acesa é sempre a última a ser colocada no Menorah; do mesmo modo, a última vela a ser acesa é sempre a primeira que foi colocada.
Na segunda noite, o shamash e duas outras velas são acesas, e assim continua até a oitava noite – que é quando todos os nove braços contêm velas acesas.
Tradicionalmente, o Menorah aceso é colocado perto de uma janela, para que todos as pessoas que passam, se lembrem do milagre de Hanukkah. Algumas famílias que colocam o Menorah perto de uma janela colocam as velas da esquerda para a direita, de forma que elas apareçam da direita para a esquerda para os transeuntes.

- Como é a bênção declarada?
As bênçãos declaradas pelos judeus (religião) são em hebraico e decoradas; uma vez quenão somos judeus de religião, e sim, descendentes pensando em louvar a Deus por um fato ocorrido, basta você declarar as bênçãos conforme seu coração.
Mas um detalhe: Não são Bênçãos para você, é para Deus. Você é que vai abençoar a Deus. Sim, é possível! O salmista dizia: "Bendize a minha alma ao Senhor".
Você, que é sempre muito abençoado é que nesta data vai louvar a Deus, bendier por seus livramentos e graças.

- Tem brincadeiras igual no Natal? 
Sim!
Compre um peão chamado Dreidei; ele é um peão parecido com um ddo e tem inscrições hebraicas dos lados.
Ele é chamado também de sivivon, é usado para jogar um jogo de apostas com pequenos doces ou nozes. Jogadores ganham uma quantidade igual de doces, e alguns são colocados num “pote” ao centro. Jogadores usam turnos para girar o dreidel. Cada lado do dreidel contém uma letra que diz aos jogadores onde colocar ou de onde retirar os doces. O jogo acaba quando alguém possuir todos os doces, ou quando os doces forem comidos (normalmente é o caso em lares com crianças)

- Pode dar presente?
Siiiiim!!! risos!
Pequenos presentes em dinheiro (gelt) são dados para crianças em cada noite de Hannukah. Moedas de chocolate também são tão populares quanto doces e presentes durante o Hannukah. Considere dar para cada criança 5 reais a cada noite para que elas doem o dinheiro para a instituição que desejarem. Ensine que não é para elas, é para doarem a uma creche, orfanato, asilo ou moradores de rua.
Presentes de Hannukah podem ser dados para adultos. Apesar de o Hanukkah acontecer durante a temporada de feriados Cristãos, ele não é um “Natal Judeu”, como alguns poderiam dizer.
Grandes presentes de Hannukah incluem velas bonitas, óleos e azeites de cozinha de qualidade ou um livro de receitas Judeu.

- O que servir na mesa?
Latkes (panquecas feitas de batatas cortadas, cebolas, pão matzo e sal). São fritas em óleo até dourar, então servidas com molho de maçã (e creme, de vez em quando). O óleo de fritura faz com que todos se lembrem do milagre do óleo.
Pequenas rosquinhas polvilhadas de açúcar, chamadas de Sufgeniot são populares como lanches de Hannukah.
Alimentos fritos são o tema, por causa do óleo, para agradecer pelo milagre.
Laticínios são consumidos por muitos durante o Hannukah para relembrar a história de Judite. Judite salvou o vilarejo dela de um general conquistador Sírio ao empanturrá-lo de queijo salgado e vinho. Quando ele desmaiou, ela retirou a espada dele e decapitou-o. Alimentos de queijo são populares no Hannukah

- Pratique Tikun Olam. 
Veja no feriado uma oportunidade de conversar com os filhos sobre as crenças deles, e o significado de lutar pelas convicções. Encontre causas que apoiem a liberdade de expressão e a liberdade religiosa, e ajude-as a espalhar tais mensagens séculos depois do milagre de Hannukah. Afinal, esta data é a comemoração do episódio em que o hebreu lutou por liberdade religiosa.

- Mais algumas considerações:
1. Não tente fazer o Hannukah rivalizar com o Natal. Apesar de ocorrerem no mesmo momento do ano, eles não estão relacionados. Aproveite o feriado por aquilo que ele representa para nossas vidas em relação à fé, e lutar pela liberdade de opinião, expressão, ideologia, religião e fé.

2. O Hanuká pode ser chamado de várias maneiras, incluindo Chanuká, Chanukkah, Chanucah, Hannukah. Todas estão corretas, já que a palavra é uma transliteração de uma palavra em Hebraico.

3. Não se esqueça de que o Hannukah é um momento para diversão e alegria. É uma festa. Uma comemoração. Nada forçado ou triste.

4. Se você quer mesmo seguir tradicionalmente, ok... quando o dia de Hannukah começar (na noite de Sexta-Feira), certifique-se de acender as velas antes do Sabá (O Sabado Judeu) começar, já que é proibido, segundo o judaismo (religião) acender fogos após o por do sol.

5. TOME CUIDADO COM INCENDIOS! Embora ensina-se soprar as velas apenas quando absolutamente necessário e o objetivo é deixar as velas queimarem até o desaparecimento, se você estiver saindo de casa, apague. Ou então, tome o máximo cuidado em deixar as chamas longe de qualquer tecido ou madeira, e com aparador grande, prato, bandeja, para que, se o Menorah cair, nada aconteça de ruim.

6. Mantenha as crianças longe do Menorah para evitar acidentes.

7. Feliz Hannukah!

Fonte: http://pt.wikihow.com/Comemorar-o-Hanuká

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

ANTES DO UMBUZEIRO

ESTE VIDEO É UMA CHAMADA PARA A MINHA FAMILIA, PORÉM PODE SER DE BOM PROVEITO A QUALQUER FAMÍLIA SEFARDITA DO NORDESTE, BEM COMO AQUELES QUE ESTUDAM O ASSUNTO.

Antes do Umbuzeiro(*), foi o princípio... E ele foi triste!

Mas deve ser lembrado para sempre, para perpétua lembrança dos pais de nossos pais...

De Ur dos Caudeus, a Canaã, ao Egito, ao Sinai, a Israel, a Babilônia, de volta a Israel, a Assíria, de volta a Israel, o domínio Romano...

Dias de Glória no passado. de escravidão e cativeiro, de reino e poderio, de opressão e castigo, de diáspora!

Este vídeo é um tributo à memória de nossos antepassados.
Aqueles que dificilmente saberemos quem foram.


(*) O umbuzeiro - primeira versão, vej depois clicando AQUI.
A nova versão será muito mais completa, com muitas fotos e entrevistas audiovisuais.

Por hora, por favor assista o video abaixo. Gratidão.

SE VOCÊ ESTÁ NO COMPUTADOR VEJA ESTE:


SE VOCÊ ESTÁ NO CELULAR VEJA ESTE:

terça-feira, 27 de outubro de 2015

CURIOSIDADES DO UMBUZEIRO 02

VOCÊ SABIA?


O povoado do Buri é um conglomerado de sitios e chácaras com criação de gado e plantações diversas ao longo de toda sua extensão.
Existe também um núcleo central com terrenos menores, praças, escolas, comércio e igrejas.
Todo este povoado um dia foi uma fazenda, chamada Tamburil, e pertencia a Gaspar Antonio dos Reis. A sede da fazenda ficava no local onde até hoje chamam de "Laje".
No inventário de Gaspar Antonio, feito em Março de 1870, dois meses após sua morte, a fazenda foi dividida entre doze de treze filhos. Cada um desses filhos dividiu sua fazenda entre seus herdeiros também e assim por diante.
Além disso muitas pessoas compraram, venderam, permutaram. Mesmo assim, 90% do povoado continua sendo de descendentes de Gaspar Antonio.
Em seu inventário os limites da fazenda (hoje povoado) foram descritos assim:
"As terras da fazenda Buril cituada as margens do Rio Itapicuru limitando rio abaixo com a fazenda Calumbi e rio acima com a fazenda Cauanga e para o lado do leste e sul com terras da aldeia da Villa do Soure e das fazendas Lagoa Funda e Tanque, constando alguns brejos, tudo sendo visto
e avaliados em seis mil contos de réis." (+ou - R$43.176.000,00)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

CURIOSIDADES DO UMBUZEIRO 01

VOCÊ SABIA?


O primeiro juiz de paz em Cipó foi Domingos Alves dos Reis, nomeado por decreto pelo secretário do Interior e Justiça do Governo do Estado da Bahia em 26 de Janeiro de 1940 e tomou posse em 31 de Janeiro do mesmo ano.

Domingos era casado com Ana Rosa (Iaiá), filha de Elpidio* e Benzinha**.
Irmão de Constância, Maria Pureza (Benzinha**), Elevita (Biita), Joana Francisca (Vanum), Luiz,
João Bernardino (João Buri), Maria, Ana (Nanã), Donana, Francisca, Antonio, Vicente, Mariana,
Mariana (irmã gêmea de mesmo nome, apelidada Sinharinha), José e Gaspar Antonio Neto.
Filhos de José Antonio dos Santos Reis (Ioiô do Buri) e de Luzia Bibiana de Santa Anna (Mãe Sinhazinha).
* Elpidio, filho de Anna Maria (Naninha).
José Antonio e Naninha, filhos de Gaspar Antonio dos Reis

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

UTOPIA

Distantes ou perto
Longe da terra de seus ancestrais
Ou no berço certo
Há um povo de características tais
Que não se iguala ao caboclo nordestino
Nem ao galego sefardita
O Sol do sertão baiano foi seu destino
E os traços de seus olhos, de origem israelita
Na caatinga encontrou seu rumo
Vestiu o gibão do vaqueiro
Trocou a uva pelo umbu e seu sumo
Continuou com seu Deus verdadeiro
Mas trocou Shalom por Oxente
Modificou seu sobrenome de origem
Mais de uma vez, outra vez, inteligente
Jurou pelo amor da Virgem
Pra se livrar da fogueira
Seus filhos não sabem quem são
Pensam que arrastam eras
Perdidos no sertão
Ser... tão.... distante, sertão distante
Almas confundidas
Misturadas entre si de modo constante
Continuam sua lida
Sem ao menos ter ideia
Que nesta vida
Os lobos tem alcateia
Os peixes cardume
Os bois manada
Até os vagalumes
Que parecem voar pelo nada
Luzindo errantes
Tem uma rainha fada
Que une os seres faiscantes
E faz as suas faiscas
Brilharem unidas
Num luzeiro que pisca
Que pisca-pisca vidas.
Mas os descendentes do Buri
Que não nasceram lá
Não tem apego, não vi
Não sentem seu DNA
Não ouvem a voz do sangue
Do pulso que pulsa salmos
Não são como bumerangue
Levam seus dias calmos
Não se atém para dentro
Que no fundo do quengo
Lá no coco, bem no centro
Tem triângulo com dengo
Tem zabumba que não vacila
Tem sanfona com xamego
Tem baião com Hava Nagila
Tem xote com Hine Matov
Tem cordel com Tehilim
Tem festa quando chove
Lá José é Zim
Manoel é Maninho
Senhor é Ioiô
Pai é painho
Voinho é o avô
Faz tempo é d'ôje
d'ôje a oito é Semana que vem
E cor de burro quando foge
Não existe, não tem
Porque nunca dá tempo disso acontecer
Lá tem vaqueiro valente, peão coisado
Com sangue nos zoio a correr
E se o burro foge, coitado
Dá dois passos e cai
Nem percebeu ser laçado
Fugir de novo não vai
Nem o boi desaforado
Nem o cavalo atrevido
Quem manda lá é o cabra da peste
E bicho maluvido
Que não passa no teste
Vira matula na roça
Alimenta o agrossistema
E você, primo que acha que é da bossa
Que é carioca da gema
Que é paulista da garoa
Que é mineiro esperto
Que é mochileiro e vive a toa
Que é estrangeiro sem rumo certo
Que é gaucho da peleia
Que é catarinense juliano
Que é capixaba de muqueca cheia
Que é paraense curitibano
Que é goiano, matogrossense, ou sulmatogrossense,
Sergipano, piauiense,
Pernambucano, cearense,
Alagoano, tocantinense,
Potiguara, maranhense,
Rondonense, paraense,
Amapaense, amazonense, roraimense,
Seja lá de onde acha que pertence,
É semita a sua raiz,
Judeu, assim te chamo
Hibérico, seu tronco diz,
Espanhois e portugueses os seus ramos
Nordestinos os seus frutos, suas folhas
Queira você esconder, apagar
Você não tem essa escolha
Não é pegar ou largar
Vista o gibão na alma marrana
Ponha o solidéu na cabeça hibero-americana
Bote a cruz de malta na precata baiana
Bula tudo in riba de um tacho de melado de cana
E esta é a receita pra fazer você
Ame suas origens, sua história, seja sábio,
Não renegue que em suas veias tem dendê
Pastel de belém nos lábios
Maçã com mel no sorriso
Junte-se mais, traga os seus
Enterre seu preconceito de parente
Com a ajuda de Deus
O empenho da gente
Não seremos como o ditado
Que um povo sem tradição
Sem apego, sem cuidado,
A cada geração
Morre uma vez
Não sei quanto ja morremos
Mas quem sabe, talvez.
Juntos poderemos
Mudar
Fazer diferente
Voltar
Ser um novamente
Resgatar tradições perdidas
Fazer encontros novos
Deixar um legado às novas vidas
Misturar os costumes dos povos
Criar uma nova tradição
Fazer ela perpetuar-se
Compor nova canção
Cada um habituar-se
E nunca mais nos perdermos
Ao contrário, cada dia descobrirmos além
Todo dia nos conhecermos
Se você quer ver isso acontecer: - Venha também!

Danilo Marques

Se você é desta família e este texto te sensibilizou, se você quer um novo tempo nesta familia (me refiro a graaande familia espalhada), colabore, leia os textos (na íntegra, pois muitos que curtem, depois perguntam de assuntos que eu já publiquei), tente ajudar como você puder, somar, dê o seu melhor. Traga os primos, assista o video "O Umbuzeiro" e leia a s novas chamadas explicativas sobre a família e os pedidos de ajuda e colaboração.

SE NEM TUDO PODE SER RESGATADO, VAMOS RECOMEÇAR!

    Video:




MARCOLINO JOSÉ DOS SANTOS


Não se sabe ao certo quando nasceu, um dia eu descubro, segundo vários depoimentos de quem o conheceu, que ele era português, desembarcou no Brasil aos cinco anos de idade e viveu em Porto da Folha, estado de Sergipe.

Em 1895 chegou no Buri (Ainda não era Cipó, era Mãe dágua de Sipó (com "S" mesmo), distrito de Nossa Senhor da Conceição de Natuba (Atual Nova Soure) e somente na década de 1930 Cipó foi emancipada).

Quando Marcolino chegou ali, ele era viuvo e trazia três filhas:
- Maria Francisca, nascida em 02 de Abril de 1890;
- Jovina, nascida em 31 de Julho de 1891;
- Julia (chamada Mãe Dindinha), nascida em 20 de Janeiro de 1893.

Marcolino era Sefardita como a familia de Constância, trabalhava como gameleiro (fazia gamelas, colher de pau e outros objetos de madeira), ensinava as pessoas lerem e escreverem (professor de beabá ou de abecê, como diziam, e alfabetizou quase toda a familia e inclusive muita gente de fora o procurava pelo Buri para aprender; qualquer ancião vivo hoje em Cipó, que foi alfabetizado, foi alfabetizado por Marcolino ou Ana da Rumana, filha de ex escrava);Marcolino também era sanfoneiro e dos bons.

Voltando a fita, Marcolino chegou no Buri e foi a uma festa.
Nesta festa, pediu às três filhas, então com 5, 3 e 2 anos de idade que procurassem entre as mulheres presentes, uma mãe. E assim elas fizeram.

Marcolino não "chegou junto"!
Não vestiu a melhor fantasia de Michel Teló, na balada, quando olhou a menina mais linda, e não chegou pra ela e disse: "Nossa, nossa, assim você me mata; ah se eu te pego, ah se eu te pego".
Não, também não tirou o chapéu e entregou flores;
Também não entregou uma poesia;
Também não deu uma piscadinha de soslaio;
Também não leu o site "cantadas de pedreiro" e não mandou uma do tipo: "Seu nome é Tamara? É que Ta-maravilhosa!" "Que marca de shampoo você usa? Eu-Serve"?
Não, ele não cantou serenata, não mandou correio elegante, não chamou pra dançar, não fez dança do acasalamento, nada.

Ele olhou para as filhas Maria Francisca, Julia e Jovina e disse algo do tipo: "Ô essas miniiina! Arrudeiem por aí e vejam entre as mulheres na festa se alguma quer ser mainha de vocês"; ou então ele já tinha visto Constância e disse algo assim: "Estão vendo aquela mulher? Perguntem a ela se quer ser a mainha de vocês."

Golpe baixo à parte (pois imagino uma mulher em 1895 olhar para uma menina de cinco anos, outra de três, outra de dois e ouvir uma frase dessa sem se comover), deu certo, ela aceitou, e se casaram em 05 de Maio de 1895.

Constância nasceu em 12 de Agosto de 1871, era viuva (aos 22 anos incompletos de idade) de Sergio Marques de Santa Anna desde 31 de Julho de 1893 (o qual eu gostaria de pedir a Edson Fernandes que perguntasse ao pessoal dos Olhos D'água se Sergio era irmão, ou filho ou sobrinho de Quinquim). Constância e Sergio não tiveram filhos.

Constância teve dezesseis irmãos: Maria Pureza (Benzinha), Elevita (Biita), Joana Francisca (Vanum), Domingos, Luiz, João Bernardino (João Buri), Maria, Ana (Nanã), Donana, Francisca, Antonio, Vicente, Mariana, Mariana (irmã gêmea de mesmo nome, apelidada Sinharinha), José e Gaspar Antonio Neto.
Filhos de José Antonio dos Santos Reis (Ioiô do Buri) e Luzia Bibiana de Santa Anna (Mãe Sinhazinha).

José Antonio era filho de Gaspar Antonio dos Reis, que em fins do século XVIII era proprietario da fazenda Tamburil (que hoje é toda extensão chamada Buri).
As pessoas perguntavam a Ioiô e Sinhazinha como arrumariam marido para dez filhas. Pois bem, uma não se casou, mas Constância casou-se duas vezes.

Constância assumiu a maternidade de Maria Francisca, Jovina e Julia e as criou com todo zelo de uma mãe que se preze. E com Marcolino teve mais doze filhos.

Marcolino não era Marques, no caderninho o filho Salvador anotou o falecimento do pai, colocando Marcolino Marques dos Santos, mas não era. No inventário de Manoel Antonio, pai de Abilio, Marcolino assinou como arrôgo varias vezes e sua assinatura é Marcolino José dos Santos. Havia o costume sefardita de colocar no filho nome composto: um nome de sua escolha e o segundo nome, o nome do pai, como Abilio Manoel dos Reis, Josino Felix da Gama, Elpidio Domingos dos Reis, Manoel Canuto dos Santos e etc. Mas Marcolino não colocou Marcolino nos filhos, mas o Marques do falecido esposo de Constância. Dizem os antigos que era porque Marcolino não gostava de seu proprio nome, mas a torcida do "Bora Baêa" e eu acreditamos que foi por carinho e amor a Constância, sei la, a história fica mais bonita assim. E não para por aí... Ele certamente era tão apaixonado por Constância que colocou no primeiro filho o nome do falecido esposo: Sergio.
E assim foram:

- Sergio Marques dos Santos, nascido em 16/02/1896, falecido em 02/02/1954. Casado com Francisca Marques dos Santos (Biquita), irmã de Auta Maria (Senhora), Cecilia e Faustina, filhas de Maria Chiquinha da Boa Hora. Sergio e Francisca geraram Izaura, José (Zim) (meu avô paterno), João, Maria, Alzira (atualmente com 91 anos e única remanescente), João, Francisco, Odete, Hilda, Alzira e Elizabete (Betinha);

- Maria Lucinda, nascida em 09 de Fevereiro de 1897 e falecida em 17/02/1928 de complicações pós parto. Casada com Antonio Fidelis da Silva (filho de Maria Pitanga). Maria Lucinda e Antonio geraram Manoelzinho, cujos descendentes moram em Euclides da Cunha;

- Marianna (Priquita), nascida em 11 de Maio de 1898 e falecida em (?????) . Casada com Januário; Marianna e Januario geraram Maria, Francisca, Isabel, Manuel, José, Elvira, Elienai e Dalva;
- Manoel Marques dos Santos, nascido em 09 de Fevereiro de 1901 e falecido em 12 de Novembro de 1920. Morreu solteiro, era noivo de Francisca, futura esposa de Canuto;

- Canuto Marques dos Santos, nascido em 19 de Janeiro de 1903 e falecido em 21 de Julho de 1987. Casou-se em primeirs núpcias com Francisca e após o falecimento desta casou-se com Maria; Com Francisca teve Manuel (Maninho Canuto) e José; com Mari teve Antonio Jorge, Ignacio, Maria Irene Leninha) Manuel Carlos, João, Olegario, Sonia e Elenildes;

- Maria (Maricota), nascida em 28 de Agosto de 1904 e falecida em 1986. Casada com Pedro Fidelis da Silva (irmão de Antonio de Maria Lucinda). Maricota e Pedro tiveram duas filhas: Dejanira (minha avó paterna) e Maria (Lia);

- Maria Vitória (Sinhá Pequena) (minha avó materna), nascida em 06 de Março de 1906 e falecida em 1994. Casada com Galdino Macedo da Silva (Maninho), com o qual teve Benaia, Irondy (minha mãe), Binoan e Rute;

- Maria Siriaca ("Dona" Maria), nascida em 16 de Março de 1907 e falecida em 21 de Outubro de1983. Casada em primeiras núpcis com Cirilo Saturnino com o qual teve Lourdes, João Saturnino e José Saturnino; casada em segundas nupcias com Domingos Brandão, com o qual teve Lucinda, Enoque, Inocêncio (Nuce), Delnicia (Dedinha), Joel, Jevanete, Jeni, Jeane, Pedro e Sergio;

- Salvador Marques dos Santos, nascido em 02 de Janeiro de 1911 e falecido em 02 de Junho de 1986. Casdo com a prima Inês Angelica dos Reis (de Domingos (irmã de Constância) e a prima Iaiá), com a qual teve os seguintes filhos: José (Zequinha), José (Zé Tampinha), Enoque, Elias, Manoel (Nelito), Nair, Edenice, Eremita, Vanussa, Alice, Neuza e Maria Geny;

- José Marques dos Santos, nascido em 12 de Dezembro de 1912 e falecido em 09 de Julho de 2002. Casado com a prima Izabel Gloria dos Santos (Zinzim) de Elpidio e Benzinha (irmã de Constância), com a qual teve os filhos: Idália, Esmeraldo, Manoel, Alaíde, Ilda, Isaias, Ismael, Irundi, Ismaias, Iracilda, Iraildes e Ivailza;

- Maria Evangelista (Caboquinha), nascida em 28 de Dezembro de 1914 e falecida em 1996. Casada com José Dantas Dias (Zé de Izauro, irmã de Julia da Boa Hora), com o qual teve os filhos: Edelvita (Delva), Jesonita (Jó), Rogaziana (Rogah), Elias, Adonias (Dodó), Jeconias (Jacó), Joilson (Zu), Jezaias, Lourdes e Débora;

- Marianno Marques dos Santos, nascido em 28 de Julho de 1918, falecido em (????). Casado com a prima Raquel Rosita dos Santos, de Elpidio e Benzinha (irmã de Constância), com a qual teve os filhos: Edvaldo, Edinalvo (Bó), Enoque Enok Do Acordeon), Elias, Helio, Edgar, Eva, Emilia e José.
Infelizmente ainda não tenho a data do falecimento de Constância.

Constância e Marcolino viveram na fazenda Tamanduá (Camanduá como o povo em Buri chama) e após o falecimento de Constância, Marcolino foi morar com o filho Canuto na fazenda Pesqueiro até morrer, sentado na rede, em 23 de Dezembro de 1952.

Tornou-se muito amigo de Donana (Ana Dantas). Gostava de levar rapadura do engenho do filho Canuto para ela que brincava dizendo "que o namorado dela tinha ido visita-la."
No Pesqueiro, gostava de fazer colher de pau e gamela para vender na feira de Cipó, mas guardava o seu dinheirinho, pois Canuto cuidava do seu sustento total.
Em uma das visitas que ele recebeu de uma das primas da nora Francisca ele disse: "Esses dias estava quase 'quebrando o crauá' mas agora está quase acabando de emendar". No dia seguinte morreu. Acredita-se que foi do coração.

“Caroá” chamada de "crauá" é uma fibra tirada de uma planta da caatinga e utilizada para fazer rede, corda... Hoje é raro as redes dessa fibra devido à caatinga ter sofrido desmatamento.

Marcolino não deixou foto (pelo menos não encontrei com ninguém que me quisesse oferecer uma para eu tirar cópia), mas todos os netos e amigos que o conheceram dizem que ele era baixinho, magrinho, de olhos azuis, carinhoso e muito sorridente; que era uma mistura de Enoque de Mariano com Zequinha de Salvador. Os netos mais parecidos fisicamente com ele.

Na foto, Dil, de Elias de Mariano e eu, Danilo de Irondy e Paulo; Irondy de Sinhá Pequena e Paulo de Zim de Sergio e Dejanira de Maricota.
Mariano, Pequena, Sergio e Maricota, filhos de Marcolino e Consância.
Sentados num banco fabricado por Marcolino na casa de Mariano e Raquel. No Brejinho, Buri, Cipó (Abril de 2015)

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

NOS PASSOS DE JARDELINA GAMA - SOBREVIVENTE DA GUERRA DE CANUDOS

Jardelina Gama foi filha de José Rufino da Gamma e Anna Francisca (ou Maria Caetana, como consta em documentos mais antigos), filha de Gaspar Antonio dos Reis.
Teve como irmãos Elpidio José (tão já conhecido em nossas histórias devido a estar no centro das atenções da passagem de Lampião por Cipó nos anos 20), Antonio José, José Rufino, Ana Rosa (Iaiá de Domingos), Pedro, Josina e Joaquina.
Por volta de 1893 , Jardelina e o marido Felix seguiram os passos de Antônio Vicente Mendes Maciel (Nova Vila de Campo Maior, 13 de março de 1830 — Canudos, 22 de setembro de 1897), mais conhecido na História do Brasil como Antônio Conselheiro,

Ele já vinha de outras peregrinações desde que saira do Ceará e estava pelas redondezas do Itapicuru, Natuba (Nova Soure, a quem Cipó ainda pertencia), Tucano, Pombal, Jeremoabo e adjacências, arrebanhando pessoas, centenas, que por ordem dele reformavam igrejas e cemitérios; acreditando num novo lugar abençoado onde haveria rios de leite e paredes de cuscuz.

Felix, esposo de Jardelina, combateu as tropas do governo que por três vezes foram derrotadas pelos homens do Conselheiro até que no quarto combate houve o massacre. Felix arrastou-se ferido até a praia do rio Vaza Barris e morreu. Jardelina voltou ao Buri com um filho nos braços, Josino Felix.

No livro "Os Sertões" de Euclides da Cunha podemos entender muito sobre esse episódio na história do Brasil, A gente vai viajando por todos os lugares em torno de Cipó, ao longo do Itapicuru e aprende suas origens, a origem do povo do sertão baiano, a origem indigena dos nomes dos lugares: Itapicuru, Cocorobó, Inhambupe, Cariri, Jeremoabo e pensa, onde estão estes povos? O autor acompanha os rios do sertão e vai descrevendo o cenario que vê naquela ocasião, descreve as pessoas, como eram, etc.

Euclides era correspondente do jornal "O Estado de São Paulo" e foi enviado ao sertão baiano para dar notícias da guerra de Canudos, que começou em 1896, um ano apó o casamento de Constância e Marcolino.
Nisto, ele fala como era o povo que ele viu, como eram as matas da caatinga, etc. O sertão baiano dos ultimos anos do seculo XIX; como eram aquelas regiões nos tempos de juventude de Abilio, Jardelina, Elpidio, Benzinha, João Buri, Alfredo, Rodolfo, Biita e seus contemporâneos.

Uma observação: O autor usa muitos termos como "raça inferior"," raça superior", e ainda insinua que esta raça não tem a intelectualidade daquela e etc. Há de se relevar porém, que se trata de um brasileiro branco, do sudeste, em fins do seculo XIX, por isso ainda com aquele equivocado preconceito e falta de conhecimento pessoal, tendo somente aquilo que aprendeu de criação, portanto relevem e apreciem o conteudo de forma geral. você aprenderá muito sobre seus ancestrais baianos.

Outra coisa que me chamou a atenção é sobre um contrato que ninguém escreveu e que o vaqueiro cumpre, e paga: A cada quatro bezerros nascidos, um é do vaqueiro. Isso acontece desde que o sertão passou a ser povoado. Não é uma lei, não está na constituição, mas assim o fazem "porque sim".  É um código de honra e honestidade. Entre os irmãos Salvador, Mariano e Canuto existia este trato, um cuidava das do outro sob esta forma de pagamento. Outra coisa que achei fascinante é a comparação do gaucho (o vaqueiro do Rio Grande do Sul) com o jagunço (o vaqueiro do sertão baiano). O primeiro, imponente, colorido, ousado, um heroi de aspecto forte e varonil; o segundo, sofrido, cortado de sol, envelhecido pelas intempéries, e suas roupas sempre do mesmo couro animal. Porem, numa luta, numa corrida, numa tocaia, o sertanejo não deixaria a desejar, foi forjado pela seca, pela tristeza, pela fome, pela sobrevivência, por não saber o que seria amanhã.

Ainda sobre a lei do vaqueiro, que ninguém escreveu, de um bezerro a cada quatro nascidos, como paga, existe um fato importante. Se um animal se perde e é encontrado por alguem que não é o dono, ou nao trabalha para aquele dono, olhando a marca no animal, reconhecendo o dono, corre a devolver, não reconhecendo, guarda consigo até que um dia encontre, descubra. Se passar muito tempo e este animal der cria, um dia ele devolve pro dono e diz: - Nesse periodo nasceu tantos bezerros, peguei estes pra mim como paga, aqui estão os seus, bem tratados e cuidados. E pasme... este cuidador anônimo chega a copiar a marca do gado encontrado e assim marca os bexerros nascidos dele.

Aqui, o audio livro, onde você pode ir ouvindo enquanto faz suas coisas.

CLIQUE AQUI PRA OUVIR

Voltando a Jardelina, que é nosso tema...
O autor fala da passagem de Antonio Conselheiro pelas proximidades de Cipó, mas não cita este nome, afinal Cipó não existia como municipio, mas pertencia a regiões vizinhas. O tempo do audio onde ele fala desses lugares é: 06.25.24 , também 06.35.09, nestes dois fala do Conselheiro ns regiões do Itapicuru e cita Pombal, Tucano, Jeremoabo, Itapicuru de Cima, e varios outros locais; já em 06.50.42 cita Natuba (que é Nova Soure), certamente é nesta ocasião que o casal Felix e Jardelina segue o Conselheiro para Canudos, onde ja havia um povoamento quase abandonado e arruinado com aquele nome, onde ajudarão a erguer o arraial de Belo Monte. Antes, porém, se encontram em Bom Conselho (Hoje Cicero Dantas) onde pela primeira vez pregou contra o governo republicano. Pois até entao ele apenas falava religiosamente e colocava seus seguidores, centenas que iam se juntando por onde passava, a reconstruir igrejas e cemiterios. Está em 07.02.20 e a partir dali tem seu primeiro embate com as autoridades. Certamente nesta ocsião Jardelina ja estava no grupo. 

Conhecer esta obra é importante para nós, cujos antepassados estiveram de frente com este personagem. 


No video 2, no tempo 2.53 fala que as pessoas que ainda não o tinham seguido, sabendo que eles se assentaram num ponto fixo, começaram a vender tudo que tinham a preço de nada e correrem atras do Conselheiro, e cita todas as cidades ao redor da atual Cipó de novo.

Ainda no video 2 alguns apontamentos:

Tempo 43.56 mostra que pessoas de varios lugares continuavam indo atrás do Conselheiro e levvam seu gado e posses para doar ao lider;

Tempo 44.30 fala sobre  promessa de rios de leite e paredes de cuscuz.

Tempo 46.15 mostra os tipos de pessoas diversas que seguirm o conselheiro, tipos fisicos de homens e mulheres, numa descrição impecável.

Tempo 54.05 Cita alguém do Pau Ferro: Antonio Fogueteiro.

Tempo 56:00 Cita "JOSÉ FELIX, O TARAMELA - Guarda e mordomo de Antonio Conselheiro, chaveiro da Igreja e responsável por acender as fogueiras a noite.
(Será este o "Nosso" Felix?)
Infelizmente não.
Eu quis muito que fosse... Jpa pensou? Um membro de minha família eternizado num livro de Euclides da Cunha? Mas este Felix sobreviveu à guerra, foi para sua cidade natal, Nova Soure e morreu bem velhinho:
Vejam este trecho do livro "Os Beatos", de José Calasans:
"JOSÉ FÉLIX, TARAMELA, DE ALCUNHA
Era do Soure, na Bahia. Conseguiu sobreviver à destruição do Belo Monte e
voltou à terra natal, onde morreu. O Dr. Manuel Ferreira Neto, oficial farmacêutico do Exército e advogado em Aracaju, viu, nos tempos de menino, muitas vezes, o Taramela. Os moradores do Soure sabiam que o velho estivera em Canudos.
Baixo, grosso, caboclo, enxergava pouco, disse-nos Argemiro Pereira dos Santos Aparecido, que o conheceu também.
José Félix falava muito. Possuía fértil imaginação. Alguns sobreviventes, que
encontramos no sertão, esboçavam um sorriso, quando lhes indagávamos como era Zé Félix. “Ah: sêo Zé Félix!” Narrava, com pormenores, os milagres do Santo Conselheiro. Via os jagunços mortos, que perderam a vida combatendo, entrando no céu. Por outro lado, botava cartas, desvendava o futuro, afirmaram-nos Pedrão e Ciriaco. Velho, costumava narrar que o Conselheiro afirmava que ele, ao morrer, teria missa de corpo presente. Aparecido, que vimos em Olindina, declarou-nos que o aviso do Bom Jesus deu certo. José Félix teve missa de corpo presente, rezada em Nova Soure.
Já se encontrava no séquito conselheirista em 1893, antes da ocupação de
Canudos. Salomão de Souza Dantas, que se avistou com os conselheiristas às
vésperas do choque de Masseté, maio do ano acima citado, relacionou nomes de alguns jagunços ligados a Antonio Conselheiro, inclusive José Félix, “uma espécie de criado-grave, pessoa de toda confiança do Santo beato” (Souza Dantas, 07: p. 147).
Manuel Benício informou: “Félix Taramela, contador dos milagres do velho pajé”, seria um dos apóstolos (Manuel Benício, 03: p. 168), e Euclides da Cunha escreveu: “José Félix, o Taramela, guarda das igrejas, chaveiro e mordomo do Conselheiro, tendo sob as ordens as beatas de vestidos azuis cingidos de cordas de linho, encarregadas da roupa, da refeição exígua daquele e de acenderem diariamente as fogueiras para as rezas” (Euclides da Cunha, 06: p. 202). Um menino-jagunço, chamado Agostinho, dera ao escritor fluminense, ainda em Salvador, as notícias de José Félix, esclarecendo que o apelido Taramela vinha do fato de lhe caber a tarefa de abrir as portas para a passagem de Antonio Conselheiro (Euclides da Cunha, 05: p. 38). Apresentamos outra explicação, considerando o modo de ser do “criado-grave”. Taramela ou tramela quer dizer falador, contador de estórias. A alcunha caía bem. Sabia ler e escrever. Favila Nunes, correspondente da Gazeta de Notícias, encontrou e publicou uma carta de José Félix a Romão Soares dos Santos, datada de 15 de maio de 1896. Caligrafia e ortografia, consoante o jornalista, melhores do que de outros missivistas da grei jagunça. Na correspondência, fazia proselitismo. A marca do Senhor já estava dada para quem quisesse gozar da Santa Companhia. Advertia, porém, que Romão não devia levar para o povoado gente que não fosse do agrado do Sr. Conselheiro. A missiva fora escrita no Belo Monte, nome oficial do povoado, na linguagem conselheirista. Deixou uma filha, Ana de José Félix."









quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ELPIDIO VELHO E ELPIDIO NOVO

O delegado de Cipó em tempos de Lampião, Elpidio José da Gama, também chamado "O corda de couro" pelos cangaceiros foi um homem muito importante na história de Cipó e quando Lampião visitou Cipó sequestrou seu filho Jorge após aterrorizar sua esposa e filhos para neutralizar Elpidio e chegar até Quinquim do Fundão.
Veja aqui: CLIQUE!

Elpidio Gama também era chamado carinhosamente pela familia de "Pai Elpidio" ou "Elpidio Véio". Porque havia mais um Elpidio na familia, "O novo".

Elpidio novo teve uma venda em Cipó, conhecida hoje como "Mercadinho".
Antigamente toda a família do Buri se encontrava na quarta na venda de Elpidio. Algum tempo depois passou a ser funcionario público, trabalhava no D.N E .R que hoje é Denit.
Ele era chefe de campo. Em 1970 mudou-se para Serrinha, por conta do trabalho.
Em 1976 para Feira de Santana também por conta do trabalho e ali mesmo ele aposentou.




















ELPIDIO JOSÉ DA GAMA                                               
Filho de Anna Francisca dos Reis Gama e  Rufino José da Gama                                                         

ELPIDIO DOMINGOS DOS REIS
Filho de Domingos José dos Reis e Ana Rosa (Iaiá), irmã de "Elpidio Véio.
Domigos era filho de José Antonio dos Reis (Ioiô do Buri)
e Luzia Bibiana de Santana (Mãe Sinhazinha).

Anna Francisca e José Antonio, filhos de Gaspar Antonio dos Reis.

sábado, 26 de setembro de 2015

GASPAR SEFARDITA? - SERÁ O FIO DA MEADA? A RAIZ DO UMBUZEIRO?

Judeus espalhados pela Europa após destruição do segundo templo pelos romanos em 70 da Era Cristã são chamados "sefaradim" e "ashkenazim".

Os primeiros tem este nome porque Sefaradim é o nome judeu para habitantes da península hibérica (Portugueses e espanhois) chamados também sefarditas. Também acabaram sendo incluidos entre estes os judeus das colônias portuguesas e espanholas nos continentes africano e americano..
Ashkenazim são os da Alemanha, Austria, Polônia, Holanda e outros.

Com a inquisição católica judeus dos paises europeus e suas colônias foram convertidos forçadamente ao catolicismo.

Veja bem, quando eu digo aqui "judeus", não são nascidos em Israel, são descendentes de familias que sairam de Israel no primeiro século da era cristã, ha dois mil anos; mas continuaram sendo judeus, uma vez que não se casam com outras familias.

Esses judeus foram obrigados, na é poca da inquisição, a deixar todos os seus costumes religiosos, culturais e até seus sobrenomes, adotando nomes que não existiam naqueles lugares. Como por exemplo "Reis" (a origem do sobrenome Reis está aqui no blog: Clique aqui), "Santanna" (recordando a mãe de Maria), "de Jesus", "Santos" e outros nomes de cunho religioso.
Um costume que não é português e identifica famílias sefarditas é o casamento consanguíneo. pela preservação entre os seus dos bens, das tradições, da religião, para que não se corrompensem os costumes.

Outro costume que não é português e identifica famílias sefarditas é o sobrenome. Não importa se perderam seus sobrenomes judeus; em Portugal o filho de Manoel Cabral se chama Joaquim Cabral; o filho de Joaquim Cabral se chama Vasco Cabral; e assim por diante.
Familias sefarditas fariam assim: O filho de Manoel Reis, é José Manoel Reis; o filho de José Manoel Reis, é Antonio José Reis; o filho deste é Francisco Antonio Reis; ou seja, a partir do segundo nome do filho sabe-se quem foi o pai. no pai descobre-se o avô e assim por diante.
Como os judeus faziam: Jessé Ben Obede; Davi Ben Jessé, Salomão Ben Davi, Roboão Ben Salomão. É costume em todo o oriente médio: Salim Farah Maluf, Paulo Salim Maluf.
Os sefarditas e os azquenazim usarm isso; Ludwig Von Beethoven (Luidwig filho de Beethoven); Hans Christian Andersen (Hans Christian filho de Ander); Piotr Ilich Tchaikovsky (Piotr Ilich filho de Tchaik).

Toda familia que tem costume de colocar o primeiro nome do pai no filho tem origem hebraica ou Árabe; é filho de Isaque ou de Ismael.

Outro costume é após tres gerações ou mais ou menos repetir o nome, por isso muitos netos e bisnetos tem o nome do avô ou do bisavô.
Como é o português em geral? Aquele que chegou ao Brasil no século XVI? Olhos castanhos ou negros, cabelos castanhos ou negros.
Que faz um povo em pleno sertão baiano, descendente de portugueses, com olhos verdes, azuis, de troncos parrudos, mãos parrudas, queixos largos, como eram nossos avós, bisavós , trisavós, e tatatatatatatatás?

Por que Felix era pai Josino Felix?
Por que Manoel Antonio dos Reis era pai de Abilio Manoel dos Reis?
Por que os filhos de Gaspar Antonio dos Reis não eram José Gaspar e Manoel Gaspar, mas José antonio e Manoel Antonio? Aháááá! Porque Gaspar era um nome imposto pelo catolicismo! Eu disse isso naquele artigo que você não quis ler (A origem do sobrenome Reis)! Todos os que foram convertidos e obrigados a trocar de nome perderam tudo de seus ancestrais.
Itzac, Yossef, Yohanna, Samuel, eram nomes proibidos a partir da inquisição.

De onde vem Reis? Dos Reis magos conforme te contei! Como se chamavam? Gaspar, Belchior e Baltazar.
Bingo!

Gaspar teve que mudar de nome em Portugal ou então seus pais tiveram que batizá-lo com novos costumes. Certamente seu pai se chamava Antonio alguma coisa dos Reis.
Gaspar teve dois irmãos, um era Luiz e o outro não sabemos o nome "Ainda".

Não eram Reis, eram Santanna.
Eita nóis!
Calma! Quem sabe Santanna era o sobrenome da mãe?
Fato é que Santanna também é um nome sefardita.

Não existe português portugues meeesmo chamado Reis, nem Santanna, nem de Jesus, nem Marques, nem Santos, nem Silva, isso é tuuudo sefardita!

Veja os livros de história... os portugueses de linhagem realmente de Portugal são Freitas, Cabral, Vaz, Duarte, Couto, Coimbra, etc.; ou Carvalho da Cunha como o ex patrão de Gaspar, seu homônimo (xará) Gaspar Carvalho da Cunha, de quem nosso tetravô Gapar Antonio dos Reis adquiriu (certamente ou expeculação minha, por casamento e dote) a propriedade que compreende o chão e o horizonte perder de vista chamado Fazenda Tamburil, que os anos transformaram apenas em "Buri".

Achamos o fio da meada? Gaspar nasceu em Portugal e veio com seus irmãos para o Brasil junto com tantos sefarditas que tinham oportunidade de começar nova vida desde que seguissem os dogmas católicos?

No livro de Verônica Alves, "Cipó, a Pérola Barroca do Sertão Baiano" a menina dos olhos cor de mar nordestino verde-água-azulado-claro, menciona mesas com gavetas nas antigas casas do Buri; e isso era costume judeu.

Por que o governo de El Rei de Portugal foi tão benevolente com os sefarditas dando a eles novas oportunidades no Brasil?
Simples, limpeza... Um Portugal de portugueses de linhagem pura e um Brasil de segregados, judeus, mestiços, degredados, e os jesuitas para por ordem no barraco e mandar quem não andasse na linha pra fogueira.

Parentes nossos que comem mortadela e arrotam Pastrame ja disseram que Marques veio de Marqueses, que Gaspar era holandês, e outras pérolas. Marques é um sobrenome que não vem de marqueses, é um sobrenome sefardita que foi dado a uma familia que trabahava como guardiã dos documentos da torre do tombo de Lisboa.
Mesmo assim, ja falei que não somos Marques, que Marcolino José dos Santos (Santos é sefardita também e Marcolino que nem era parente de Gaspar, um jovem português que veio de Sergipe a Bahia tambem era baixinho e de olhos azuis) querendo seguir o costume sefardita e colocar em seus filhos o seu nome, decidiu unir o util ao agradável. Ele não era fã de seu próprio nome, Constância era viuva de Sergio Marques de Santanna (sefardita, e certamente parente também). Marcolino deu aos filhos o nome Marques que parecia com Marcolino e que bom, se não meu nome seria Danilo Macedo Marcolino, rs.

Bem, diante de algumas outras descobertas que fui fazendo (veja links no final) resolvi fazer uma enquete no grupo de familia do facebook.
Pedi que clicassem no item que eles ja viram em suas casas, ou nas casas de seus ancestrais...

-A crença de que apontar uma estrela nasce verruga.
-Mesas antigas tinham gavetas?
-A expressão "juro pela alma de...."
-Pintar a casa todo fim de ano.
-Jogar um punhado de terra sobre o defunto antes de enterrar
-Enterrar os mortos diretamente no chão, não em gavetas. mesmo que em caixões.
-Quanto matavam galinha, ou qualquer animal para comerem, tiravam todo o sangue?
-Varrer a casa toda após um enterro de alguém.
-Passar a mão na cabeça de alguém, como quem diz "está tudo bem, eu te perdoo"
-Diante de um espirro, alguém dizer: "Deus te crie"
-Seus ancestrais derramavam o primeiro gole de uma bebida para o santo?
-Seus ancestrais não comiam carne de porco?
-Passar mel na boca da criança quando chora.
-Acender duas velas toda sexta, a vela das almas.
-Estrelas enfeitando casas, porteiras, roupas, utensílios.
-Comércio fechava na sexta as cinco da tarde?
-Cobrir espelhos depois que alguém morria.
-Acender vela e derramar mel no pires em volta da vela.
-Ja ouviu alguem dizer "pagar a siza" se referindo a imposto?
-Em registros antigos de batismo, você jpa viu a sigla "XN"?

Após a enquete ser positivamente respondida eu lhes expliquei tudo sobre o assunto e o porque da enquete. lhes contei sobre as descobertas, sobre as possibilidades e etc.

Os itens da enquete se referiam a estes costumes:
• Passar a mão na cabeça: isto é, relevar, perdoar, acarinhar, ignorar uma falta de alguém. É a bênção judaica.
• Jurar pelo eterno descanso de um morto querido: juro pela alma do meu pai, ou da minha mãe, e assim por diante. É resíduo de um rito judaico.
• Deus te crie: ante o espirro de uma criança. Herança da frase hebraica – Hayim Tovim.
• Amuletos: usado muito no interior, os signos de Salomão ou de David (a estrela de seis pontas) e até mesmo nas porteiras e muros das casas, embora para o judeu não seja amuleto, mas seu significado foi deturpado entre os descendentes assimilados.
• Varrer a casa: da porta para dentro das casas, costume arraigado até os dias de hoje.
• Passar mel na boca: O Rabino passava o mel na boca da criança para evitar o choro apís a circuncisão. Daí a origem da expressão: “Passar mel na boca de fulano”. A circuncisão acabou entre os sefarditas, mas o passar mel não.
• Siza: vem do hebraico “Sizah”, quando vai pagar o imposto. Pagar a siza.
• Para o santo: o hábito sertanejo de, antes de beber, derramar uma parte do cálice, tem raízes no rito hebraico milenar de reservar, na festa do pessach (páscoa), copo de vinho para o profeta Elias (representando o Messias que ainda virá).
• Punhado de terra: costume de jogar terra no caixão quando ele é descido na sepultura.
• Mezuras: fazer mezuras, reverências. Talvez venha do Mezuzah [2]hebraico colocado nas portas, ao qual os judeus antes de entrar fazem uma reverência.
• Mesa com gaveta: O costume original era esconder a comida quando chegava visita: esse costume não é relacionado à sovinice, tem outra raiz. É o costume que tinham os cristãos-novos (como eram chamados os judeus convertidos a força) e que passou aos seus descendentes, de guardar a comida que estavam comendo quando chegava um visitante – normalmente um cristão-velho. Para isso, as mesas da copa tinham gavetas. A raiz desse costume é que muitos cristãos-novos, apesar do batismo forçado, continuavam praticando secretamente a sua religião. E no judaísmo, a comida deve ser kasher, ou seja, a comida recomendada pela Torah, na qual existem alimentos proibidos aos judeus – Levíticos 11 – como, por exemplo, a carne de porco, peixe sem escama, etc. Dentro desse preceito, há receitas tipicamente judaicas. E se um cristão-velho chegasse de repente à casa e visse essa comida típica, fatalmente o cristão-novo seria reconhecido e denunciado. Por isso, eles guardavam o que estavam comendo nas gavetas, e ofereciam outra coisa ao visitante, como o queijo minas, por exemplo. Esta é a raiz desse costume, que muitos mineiros até brincam a respeito, mas que não está relacionado à sovinice e sim ao medo da delação
• Lenda da Verruga: como se sabe, o dia no judaísmo começa na véspera. Então, o “shabat” – descanso judaico no Sábado, começa na véspera com o nascimento da primeira estrela. Se um judeu apontasse para o céu quando visse a primeira estrela para anunciar o início da festa do Shabat, como cristão-novo ele estaria se denunciando. O adulto poderia se controlar, mas o que se diria para as crianças? “- Não aponta que se nasce verruga”. Era a única maneira de poder controlá-las, para que a família não fosse descoberta e perseguida pela Inquisição
• A carne de sol do Norteste é originária da carne kasher judaica,
• A tapioca típica foi desenvolvida da matzah judaica,.
• O enterro de corpos em mortalhas, diretamente na terra, a retirada total do sangue dos animais abatidos; pintar as casas no final de ano, arrumá-las às sextas-feiras; tudo isso é tradição judaica.
• O casamento endogâmico, entre parentes, é um costume judeu para que tradições e bens não se percam. (Vejam... Por mais que a fazenda tamburil, tenha virado o povoado do Buri e cada um tenha sua proprieddade separada com documentação e tudo... de ponta a ponta o Buri é de parentes.
• Colocar o nome do pai no filho: Manoel Antonio dos Reis: Abilio MANOEL dos Reis; Felix, Josino FELIX; Domigos José dos Reis, Elpidio DOMINGOS dos Reis. Nisto, se conhecia , mesmo que mudando seus nomes, a genealogia.
• Se você puder pesquisar para mim, registros e certificados de batismo antigos, por favor veja se tem a sigla XN. O padre fazia questão dessa identificação para dizer que eram "crisão novos" - marranos, anussim, sefarditas, judeus forçados à conversão.

POR QUE MANTIVERAM COSTUMES MAS DEIXARAM IDIOMA E RELIGIÃO?
Porque os sefarditas sofreram muito, mas muito, mas muito mesmo que vocês não fazem ideia. Pesquisem e verão. A inquisição veio atras deles no Brasil também. A perseguição católica foi terivel. EM NOME DE DEUS esses chamados sacerdotes torturaram, queimaram, cozinharam, quebraram ossos, esticaram membros, emparedaram sefarditas, que aos poucos foram cedendo e enterrando seu passado.

E AQUELE JUDEUS QUE MESMO ESPALHADOS PELO MUNDO JAMAIS DEIXARAM SUAS RAIZES?
Estes são aqueles outros, os azquenazim.
Eles não sofreram com a inquisição, continuaram vivendo seus costumes sem perder nomes e tradições, pois estes outros paises onde eles viviam, principalmente Alemanha e Suiça, eram paises protestantes e tinham liberdade de culto. Até que no século XX Adolph Hitler , chanceler da Alemanha, com a ajuda de diversos paises principalmente Italia e Japão fizeram o eixo chamado III Reich e anexando varios paises neste eixo confiscassem os bens dos judeus azkenazim, colocassem-nos em guetos para em seguida aprisiona-los em campos de concentração para que morressem a mingua no chamado holocausto, matando até 1945 seis milhões de judeus azkenazim.
Os sobreviventes, tiveram o privilegio, em 1948, de voltarem a Israel, onde estão hoje, na sua Terra de origem.
Os que ainda estão pelo mundo, após sobreviverem a guerra e não voltarem a Israel, vivem suas tradições que não se perderam.

Há de se entender também que tudo isso que estou escrevendo não é cem por cento, que nada é generalizado, e que também não devemos esquecer que existe o movimento Sionista, que foi o movimento dos judeus que originaram o Estado de Israel em 1948. Um movimento laico, ecumênico e político (é necessário entender que judeu não é etnia, é religião de um povo de uma etnia sim,  porém religião; Hebreu é etnia, são descendentes de Abraão, mas isso tambem englobaria Ismaelitas (filhos de Ismael: Os árabes), Edomitas (descendentes de Esaú); Amalequitas (uma ramificação de Edom); que Israelita sim, é o povo descendente das 12 tribos de Israel (Jacó) e Israelense é natuiral do Estado de Israel.) e que os judeus espalhados pelo mundo, que praticam e professam a religião, não são sionistas e aguardam o Messias e segundo eles, não possuem o direito de estarem na Terra Prometida, pois foram espalhados por castigo e aguardam a restauração.

Os sefarditas do Brasil voltaram aos costumes judeus há muito tempo, reunindo-se em sinagogas (a primeira em Pernambuco ainda no Governo de Nassau) e hoje espalhadas pelo país, fazendo um resgate de ANUSSIM (judeus forçados ao catolicismo) e tem voltado às suas origens.

Na grande maioria dos sefarditas nordestinos porém, são como nós que nao sabem e não tem certeza de suas origens e cresceram em outros costumes e religiões e etc;

Não sabemos ainda quem chegou primeiro ao Brasil, de nossa família.
Gaspar viveu entre 1780 e 1870.
O próximo passo agora é descobrir se nossa familia chegou qui nos primeiros navios colonizadores, ou se lhes foi permitido permanecer em Portugal mesmo com a inquisição em voga, e Gaspar foi o primeiro dos nossos a vir para o Brasil.
Esses documentos certamente estão na torre do tombo de Belém, em Portugal, que por ironia, eram guardados, como eu disse, por uma familia sefardita que foi escravizada em Portugal (sim, escravos brancos judeus) para perpetuarem-se como guardiões da torre: Os Marques. :0

UM FATO QUE PODE ATRAPALHAR E EMBARALHAR A PESQUISA:

Após o massacre na fogueira da inquisição. muitos órfãos de sefarditas foram entregues à adoção para famílias espanholas e portuguesas, criadas segundo os costumes católicos e as tradições destes povos e casaram-se com outras famílias e com isto perdeu-se ainda mais suas genealogias verdadeiras. Se Gaspar descende de um destes, tudo se complica mais.


O PREÇO DE UM RESGATE

Todo brasileiro, bem como, todo cidadão de alguma ex colônia de Portugal tem direito a cidadnia automática portuguesa, ou seja, não há impedimento em se viver em Portugal (claro que precisa cumprir certas leis, mas nada impeditivo. Como brasileiros, somos e seremos sempre ciddãos portugueses de direito.
Mas existe algo a mais que você pode conseguir...
Todos nós descendentes de Gaspar Antonio dos Reis, se procurarmos a comunidadade judaica portuguesa ou espanola, e nos submetermos a alguns questionários, bem como fazer um exame de DNA de genealogia (599 Reais *) e conseguirmos um certificado de sefardita pela comunidade judaica, temos direito a cidadania portuguesa sefardita, ou a espanhola (se você souber falar espanhol também, é obrigatório).
Além de cidadão da comunidade europeia (atraves de Portugal ou da Espanha), no caso espanhol o governo está dando aos sefarditas, como reparação da inquisição, as chaves da espanha, como que dizendo "A casa é sua, seja bem vindo".
Ah, para a cidadania portuguesa sefardita, além do documento da comunidade judaica você pagará ao consulado 250 Euros.
http://consuladoportugalsp.org.br/nacionalidade-portuguesa-para-descendentes-de-judeus-sefarditas/

Para a espanhola, ainda estão votando algumas emendas; a lei ja foi aprovada porém está havendo conflitos por parte dos que são contra o retorno sefardita.

Para quem quer ir além, o governo de Israel está concedendo cidadania e empregos para sefarditas e azkenazis.
Mas a burocracia é maior.

QUE LINGUA NOSSOS ANCESTRAIS FALAVAM?

Estamos descobrindo que nossas origens, tão mal especuladas antes, se descortinam diante do mar vermelho aberto, da peregrinação no deserto do Sinai, da conquista de Canaã, do tempo dos juizes, do tempo dos monarcas. do cativeiro babilônico e persa, do regresso, do tempo dos macabeus e do império assírio, do julgo romano e de (infelizmente) correr o risco de termos gritado para cruscificarem O Cristo. Uma vez que a grande maioria que seguiu O Cristo foi gentil.
Bom, mas não vamos sofrer com coisas irremediáveis, e sim, sonharmos com a realização de algo grandioso, o resgate definitivo de nossa história familiar.
Estamos prestes a poder afirmar sem medo de erro que somos hebreus.

Não poderemos nos dizer judeus porque judeu não se mistura e é uma religião, não uma etnia, (embora o termo é usado como etnia para os da tribo de judá e tambpem ficou para os do Reino de Judá, mas isso já é uma explicação mais abrangente e necessita de mais estudos).

E Israelita, sendo descendente de Jacó, ainda é complicado dizer, pois há uma corrente que diz que muitos sefarditas são descendentes de edomitas (filhos de Esaú).

Mas (quase) fato é que em 70 DC nossos ancestrais hebreus foram escravizados pelos romanos e levados a Sefarade (Península hibérica: Espanha e Portugal) (Obadias 1:20). com o fim do Imperio Romano alguns séculos depois fomos libertados e atravessamos a idade média vivendo lá mesmo e cuidando da vida, e prosperando e assim veio o imperio Otomano, o dominio árabe, e os judeus sefaraditas, ou sefarditas continuram ali.

Veio a consolidação dos governos espanhol e português de fato e continuamos ali, em Portugal tudo continuou normalmente, mas na Espanha subiram ao trono Isabel de Castela e Fernão de Aragão, que insitituiram a inquisição católica na Espanha e a partir de 1391 os sefarditas foram presos, condenados. Perderam seus bens, que não eram poucos, foram execrados (humilhação) e sob tortura (o potro, a forquilha, esmaga cabeça, a rod que esticava, e outras coias que se você não quer ficar triste imaginando seus ancestrais numas coisas dessas não pesquise), obrigados a se converterem ao catolicismo na marra, por isso foram chamados "marranos".
Renunciaram seus nomes e sobrenomes, não sabemos (ainda, porque eu não tenho sossego e não pretendo parar). Sobrenomes como os do ocidente é certo que não tínhamos, pois sobrenome judeu original é Fulano Ben (o nome do pai); cicrano Ben (o nome do pai). Mas fato é que com isso saberiamos chegar até longinquas gerações.
Adotaram então, nomes espanhois e criaram para si sobrenomes que até então não existiam, ligados a suas profissões, ao animal que criavam, ao alimento que cultivavam, ou a personagens religiosos cristãos.
Todos esses sefarditas, marranos, passaram a ser chamados "Cristãos novos".
Os cristãos novos foram em seguida, após a conversão marrana, queimados em fogueiras, fervidos em óleo, ou aprisionados perpetuamente para espiar toda a "heresia" de não serem cristãos e de serem culpados da cruscificação de Jesus.
Os sobreviventes fugiram para portugal em e este país que ja tinha um bom numero de sefarditas passou a ter mais; os que ja estavam ali ainda mantinham suas origens, porém, como judeus, os marranos espanhois puderam casar-se e constituir familias com os judeus de portugal.
E a mistura de costumes foi maior, nomes, modos, e tudo mais.
Eles falavam uma lingua chamada Ladina, que era uma mistura de espanhol, português, galego, castelhano e hebraico;
Esta era a lingua que nosso primeiro ancestral a pisar o solo brasileiro falava: O Ladino *. Nossos ancestrais eram os Reis, em homenagem aos reis do oriente que visitaram Jesus; os de Jesus, e os Sant'Anna, em homenagem a mãe de Maria.
Os sefarditas continuaram a viver em Portugal normalmente como judeus, até que Dom Manoel casou-se com a filha dos Reis Católicos da Espanha e no contrato de casamento foi exigido que instituisse em Portugal a inquisição, e que todos os sefarditas fossem sacrificados.
Dom Manoel assim o fez,e em 1492 os sefarditas passaram a ser perseguidos em Portugal, porém, por misericórdia, colocou sefarditas em navios que estavam colonizando Moçambique, Angola, Goa, Macau e o Brasil.
Antes de embarcar, todo sefardita foi obrigado a se converter ao catolicismo, renunciando nomes, origem, costumes, tudo mais.
E assim chegamos aqui, milhares de famílias sefarditas habitaram o Rio de Janeiro, Minas Gerais e principalmente o Nordeste.
Só não sabemos quando, e quem de nossos ancestrais chegou primeiro.
Eu suponho que não vieram nesta época, pois os que vieram nesta época, ao chegarem ao Brasil e habitarem os rincões escondidos, voltaram à religião e costumes judaicos, tanto que até sinagogas haviam no Brasil Colonia.
Mas nós nos perdemos, ninguem continuou nenhum costume a nao ser aqueles da enquete. Mas nem sabiam o porquê desses costumes.
Perdeu-se a lingua ladina; perdeu-se a cultura hebraica; como não sabiam o porque de casarem-se entre primos, as gerações posteriores se misturaram; não falo de hoje. Mesmo em tres gerações antes de nós, em que tanto se misturaram h´outras familias no meio desde ha outros séculos.

Enfim... as pesquisas mostram que todo aquele que tem sobrenome religioso, ou ligado a profissão, a criação de animais ou cultivo de algo, é sefardita.
Os judeus de São Paulo são Azquenasim. São os que no dominio romano foram espalhados pelos paises germânicos e baixos (Alemanha, Suiça, Polonia, Austria, Holanda) e viveram suas vidas normalmente e preservando seus costumes até o começo do século XX quando veio o holocausto nazista e os que conseguiram sobreviver se espalharam pelo mundo.

Voltando aos sefarditas, quem afinal somos?
De onde vem Gaspar Antonio dos Reis?
Por que tinha quatro esposas?
Quem foram seus pais?
Chegaremos lá.

Conheça aqui como falavam os judeus defarditas antes de chegarem ao Brasil:

Ouça uma canção em ladino:


APRENDA LADINO GRATUITAMENTE:
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Chega de prosa que você ja se cansou de mim por hoje.

Visite o umbuzeiro, comente, deixe suas impressões, me ajude, colabore, deixe de ser ruim, rs

Beijos lambuzados de umbu!

VEJA TAMBÉM ESTE LINKS:

1 - JUDEUS NO NORDESTE, SLIDES


2 - A ESTRELA OCULTA NO SERTÃO - FILME

3 - RAIZES JUDAICAS NO BRASIL - ENTREVISTA



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

REPORTAGEM SOBRE O UMBUZEIRO

Você sabia que o umbuzeiro além do fruto dá água?
Pela raiz! Uma cabaça cheia de água enterada na raiz do umbuzeiro.
Confira nesta reposrtagem de 1994


A reportagem produzida com textos declamados em cordel, garantiram ao repórter Nelson Araújo reconhecimento por essa matéria e premiação a nível internacional.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

LAMENTO SERTANEJO

Eu não conhecia esta linda canção.
Composição de Dominguinhos, aqui interpretada por Maria Gadu, Gilberto Gil e Milton Nascimento.
Agradeço a Estela, de Maria (Lia), de Maricota, de Constância, por me apresentar.
Compartilho com vocês.

Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga e do roçado
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigo
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado

Por ser de lá
Na certa, por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão, boiada caminhando a esmo

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

SAUDADE DO TERREIRO - por Niclecia Gama de Nicanor e Dé.


Vendo as fotos da casa do pai, postadas por Professora Zete, bateu uma tristeza, uma saudade pungente da casa do Buri, onde o mundo, Daiane Oliveira, também era do tamanho da minha imaginação. O dia parecia não ter fim, enquanto desbravava a caatinga e catava umbu e licuri pelo mato, enchia a barriga de bambão, de murta, de araçá-mirim e de serrote, uma frutinha selvagem e pequenina.
Se para os soteropolitanos, terreiro é um lugar ritual das religiões de matizes africanas, para nós, do sertão, o terreiro é o quintal da casa, aquela parte em que não se planta nada, que´é varrida com vassourinha-do-mato, e a areia é sempre clara.
Gostava de acordar ao som da voz de minha avó Luzia, que depois de fazer o café, já anunciava que iria varrer o terreiro. Gostava até de ir para o Buri andando e explorando as plantas e flores do caminho, de sentir a secura da caatinga e de esperar a promessa da chuva e a explosão de vida depois dela. Por isso, amo tanto a chuva.
À tardinha, sentávamos no baldame do alpendre para admirara luz do sol morrendo atrás do rio Itapicuru, para depois renascer no coqueiral que havia atrás da casa.
Hoje, após perdas inevitáveis na minha família, marcadas principalmente pela partida de minha avó Luzia, tentamos nos reinventar.A saudade ainda dói demais. O terreiro não é mais o mesmo, a casa já não traz alegria, a caatinga não tem mais as mesmas cores, mastudo vive aqui, dentro de mim.

"Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado

Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo..." *

* A poesia é a letra de Lamento Sertanejo, de Gilberto Gil com música de Dominguinhos.

sábado, 1 de agosto de 2015

segunda-feira, 27 de julho de 2015

SHOW COM LAERTE MARQUES - 07 de Agosto de 2015 - 20hs

INGRESSOS:
R$20,00 na hora
Ou Antecipado R$10,00 na Merci Discos

Localização do Teatro:
Rua Helena Jacquey, 171 - Rudge Ramos
São Bernardo do Campo - SP
09635-060

Merci Discos:
Av. Doutor Rudge Ramos, 17 - Rudge Ramos
São Bernardo do Campo - SP
Cep 09637000

Laerte, filho de Odete de Sergio, de Constância, de José ANtonio, de Gaspar

CARTAS AO SILÊNCIO - De Lenivaldo Gonzaga Reis


Um livro de poesias fantásticas!
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Lenivaldo, ou "Vadinho" como é carinhosamente conhecido.
é filho de Vera e Renato.
Vera de Zezé de de João Buri;
Renato de Macilon de Luiz.
Luiz e João Buri (irmãos de Constância) de José Antonio, de Gaspar.






sexta-feira, 24 de julho de 2015

DOMINGOS E A ESPOSA E PRIMA ANA ROSA (IAIÁ)



Em tempos idos de Cipó, quando Elpidio foi delegado, chamado pelos cangaceiros de "O corda de couro", Domingos era juiz de paz.
Dizem, Afirmam, que o coração de Domingos era do lado direito.
Seja como for, embora cientificamente isto não mudaria nada, mas poeticamente eu acho muito bonito.
Não tem quem não conte boas e lindas histórias sobre ele. Ouvi diversas.

Você conhece alguma boa história sobre ele? Conte aqui nos comentários.




Domingos (irmão de Constância), filho de José Antonio (Ioiô do Buri).
Iaiá (irmã de Elpidio), filha de Lidia Caetana (Naninha)
Ioiô e Naninha, de Gaspar Antonio dos Reis.

terça-feira, 14 de julho de 2015

SALMOS DE CIPÓ - NÚMERO 01

 (livre tradução do Salmo 01)

1 Feliz o cabra que não fica dando fé nas conversas das mundiça, nem é pego na cocó com a catrevaje, nem fica arrodiado dos que gosta de mangá.
2 Antes se refastela na lei do Senhor, e na sua lei medita d'ôje a sempre.
3 Apois será como a quixabeira plantada junto do Itapicuru, que dá fruto no verão, junto com o juazeiro; suas folhas não cairão, perainda que nestante dirão de tu: - "Tá podendo!"
4 Cos fí do tinhoso acontece outra coisa, vira u'a ruma de coisa espalhada andando malmente.
5 Por isso o malestroso quebra a cara.
6 Porque o Senhor conhece o caminho de gente distinta; e si tu num for do bem, destá qui li chamo ca tispero.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

84 ANOS DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE CIPÓ


Terra de meus ancestrais
Estância Hidromineral
Paradoxalmente verdejante no alto sertão baiano
Oásis da caatinga! - Onde vais,
Oh Itapicuru, rio magistral?
Cidade de águas termais e de calor humano

Os teus filhos, aparentados, misturados
Como o galho do umbuzeiro
Cujos frutos, seu trabalho, toda luta,
Transmite na doçura de um sorriso bem dado
A simpatia do burizeiro
ainda que no azedume da força bruta

Bendita seja a memória de Gaspar, o colonizador 
E toda sua descendência
Espalhada pelo planeta
Benditos sejam os laços do sangue, onde for
Que não importa a procedência
Continuam dizendo "oxe", "É d'ôje", "nestante", "Êta"!

Sangue do vaqueiro
Do professor, do músico, do pintor,
Sangue do lavrador, da costureira, 
Sangue do fazendeiro
Do feirante, do caixeiro, do apicultor,
Sangue do delegado, do juiz, da compoteira

Sangue dos Reis, dos Gama, dos Ferreira,
Sangue dos Santos, dos Marques, dos Telles, dos Santana,
Sangue dos Pitanga, dos Macedo, dos Dantas, dos de Jesus;
Sangue do retirante da seca traiçoeira
Sangue do sonhador cheio de gana
Sangue daqueles que permaneceram e fizeram jus.

Sangue de Gaspar, e seus filhos, doze enfim:
Ioiô, Mané, Miuda e Naninha,
Junior, João, Luiz Sobrinho e Senhorinha
Antonio e Constância (outra), José e Joaquim;
Sangue de Mãe Sinhazinha,
Que dos escravos foi protetora e fada madrinha.

Sangue de tantos que lutaram por seu amor de idílio
Sangue de Marcolino gameleiro, professor da familia inteira
Sangue de João Buri o vaqueiro apaixonado
Sangue de Tância que criou irmãos e filhos 
Sangue de Quinquim, Octogenário flagelado pela corja cangaceira
Sangue de Elpidio Corda de Couro, o delegado.

Sangue de Domingos, juiz de paz com o coração diferente
Sangue de Abilio, que conquistou Vanum com amor de invejar
Sangue de Luiz, que dos seus foi o farol e a saudade
Sangue de Benzinha, mãe que teve o filho levado de repente
Pelo mesmo Lampião que dizia respeitar 
Velhos, crianças, mulheres de toda idade.

Sangue de Jardelina, a viuva de Canudos, sobrevivente, 
Que depois foi a grande parteira do Buri 
Cujo filho também foi alvo do capitão esconjurado;
Sangue dos que vieram depois, e que certamente,
Foram os bravos valentes dali
Fazendo da prole de Gaspar o cordel mais arretado.

Sangue dos que vieram antes de tudo
Antes que as águas fossem exploradas
Antes do Hotel, antes da emancipação,
Antes de Getulio, da ponte, do cassino bacanudo
Sangue dos que já estavam na Cipó iluminada
Antes da atual população

Salve as famílias que chegaram depois
E todas as que já estavam antes conosco e dantes ainda
Salve os Brito, os Freitas, os Medeiros, os Anunciação 
Salve os Ribeiro, os Cruz, os Monteiro, os Góes 
Todas as demais famílias que faltam ser citadas ainda
E que fizeram florescer nosso oásis do sertão

Salve Evandro de Araujo Goes, O Professor 
Patrimônio humano, história viva
Simpático e amoroso ancião
Tive a honra de vê-lo, cativante e doce senhor
Que seu legado sirva
Para a posteridade como bastião

Em memória de Ignácio Pereira do Passo, das águas o defensor
Em memória de Genésio Seixas Salles, construtor do balneário
Em memória de Antonio Siqueira Guimarães, o médico humanista
Em memória de Ana da Rumana, que no passado opressor
Filha de escrava, foi a primeira professora negra, fato revolucionário
Em memória de Maria Vestina, Dazinha e Zelita.

Salve as águas medicinais
Quentes, perpétuas, curativas - pense!
Salve a feira quem tem de tudo e mais ainda!
Salve os espetáculos matinais
Quando o Sol alvora no horizonte cipoense
Salve! Salve esta cidade linda!

Salve a coruja que eu vi piando na praça do mercado
Salve o céu que eu jamais imaginei que existia
Negro e estrelado como jamais havia visto
Salve este povo acolhedor e abençoado
Com o sotaque mais gostoso da Bahia 
O qual tudo o que é falado fica mais bonito.

Salve Enok do Acordeon,
Mestre, intérprete e afinador
Música viva de Cipó e região;
Nas ondas daquele som
Não importa o compositor
É a melhor interpretação.

Salve Eraldo Reis​ e Lenivaldo​ Gonzaga, reis da Lira! 
Trovadores, bardos, poetas da cidade
Legado do cancioneiro popular
Salve Eliana de José e Jandira 
Artesã cheia de sensibilidade
Fazendo coisas lindas para o lar

Salve Verônica Alves, que nos fez presentes
Na história de Cipó, oásis do sertão
Que não mencionava nosso colonizador e pai;
Deu o devido lugar ao Buri e sua gente
No inventário de então
De onde nunca mais sai.

Salve Edson Fernandes, o perpetuador
Que fez o esquecido balneário cipoense
Ser lembrado em toda sua história
Desde os primordios do descobridor
Toda a arquitetura que lhe pertence
Se fazer para sempre notória.

Salve Verusca Reis​, atleta internacional
Salve Rafaelle Souza, Fafá da Seleção
Em Cipó nascidas
Avante, que a final
É no pódium com a taça na mão
Sem medo e decididas.

Eu me ufano 
Mesmo nascido longe assim
E não tendo tal privilégio
Mas tenho o sangue baiano
Correndo dentro de mim
Pertenço a este florilégio

Salve Cipó de todas as águas
Salve o nativo e o filho do retirante,
Salve e seja perene sua alegria
Que o rio leve suas mágoas
E que daqui para adiante
Seja você o farol da Bahia!

Danilo Marques