segunda-feira, 28 de agosto de 2017

NO SITIO DE DORA



Quando anoitece no terreiro
Na casa de Doralice
Há uma canção de paz
Um coral se faz inteiro
Foi seu maestro quem disse

E é assim que ele faz:

Ele canta a voz principal
Com sua capa verdinha
E logo cantam todos os seres noturnos do mato
São grilos, cigarras, corujas no luau
E vai longe a ladainha
Dos músicos de fato

Lá dentro da casa porém
Tem uma senhora doce e linda 
Cheia de açúcar, carinho e calma.
Tem um senhor também
Cheio de prosa bem vinda
Que sorri com a alma.

Danilo Marques

JOSÉ MARQUES SOBRINHO



O seu sorriso de longe se avistava
Brilhava como seus olhos claros
Num olhar carinhoso.
Sua voz macia cantava
Era um amparo
A todo coração pesaroso.


Ensinava com atitude,
Exortava com mansidão,
Julgava... Não! Jamais julgava.
Avaliava... Mas não era rude,
Perfeito? Claro que não.
E se sério o assunto, jamais a fronte brava.


Cantava simples, mas cheio de sentimento,
Trazia naquela alma o sertão
E foi forjado no trabalho duro e na fé.
Conheceu as intempéries de cada momento,
Temperou a vida com objetivo e emoção,
Marques Sobrinho, José.


Danilo Marques


NO BREJINHO DE MARIANO


No brejinho de Mariano há uma casa de farinha
Quanta história ela conta.
Quanta vida sussurra em cada tijolo.
O que essas telhas viram?

O azul dos olhos dele, 
O vermelho dos cabelos dela,
A mandioca processada a força com a habilidade do sertanejo.
Mãos que trabalharam vida
Vida que canta nos ventos entre as árvores,
Trote de cavalos numa canção permanente
Que ainda canta no farfalhar do mato.
Ali ainda tudo é vida.
Ninguém se sente só.

Danilo Marques.


(na foto, a casa de farinha de Mariano Marques, no Brejinho)

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

NOTÍCIAS DE LUGAR NENHUM

Por Cynara Menezes, publicada em ''Carta Capital'' em 06 de Maio de 2011;
As fotos e legendas são buscas minhas.
Grande Hotel de Cipó hoje, conservado por fora, abandonado por dentro

''Eram 10 da manhã de 24 de junho de 1952, véspera de São João. O então senador Assis Chateaubriand e o escritor Guimarães Rosa, vestidos como boiadeiros nordestinos, deixaram a galope a praça principal da pequena Caldas de Cipó, na Bahia, à frente de centenas de cavaleiros. Iam até o campo de pouso da cidade recepcionar o DC-3 presidencial que trazia a bordo Getúlio Vargas e o governador do estado, Régis Pacheco. O avião aterrissou tranquilamente na pista de terra batida cercada de cajueiros e mandacarus. Sob sol escaldante, o gaúcho Vargas seria, pouco depois, condecorado com a Ordem do Vaqueiro e paramentado, ele mesmo, com o gibão e o chapéu de couro de boiadeiro sertanejo.
Guimarães Rosa a cavalo em frente ao Grande Hotel de Cipó
Rosa acabara de chegar da célebre viagem a cavalo por Minas Gerais, levando 198 cabeças de gado, que lhe inspiraria Grande Sertão: Veredas. E assim descreveu a cena: “Em Caldas do Cipó, pude ver reunidos – espetáculo inédito, nos anais sertanejos e creio mesmo que em qualquer parte – cerca de 600 vaqueiros autênticos dos ‘encourados’: chapéu, guarda-peito, jaleco, gibão, calças, polainas, tudo de couro, couro de veado-mateiro, cor de suçuarana. Fui com Assis Chateaubriand, que é o rei dos entusiastas, e tive de vestir também o uniforme de couro e montar a cavalo (num esplêndido cavalo paraibano), formando na ‘guarda vaqueira’ que foi ao campo de aviação receber o presidente Getúlio Vargas. A mim coube ‘comandar’ os vaqueiros de Soure (Nova Soure, cidade vizinha) e de Cipó”.





Aos improváveis visitantes àquelas paragens se juntariam ainda o vice-presidente Café Filho, ministros, governadores e outras autoridades convidados a prestigiar a inauguração de -“um dos mais belos e -luxuosos” hotéis de todo o País, o Grande Hotel Caldas de Cipó, com 80 quartos mobiliados “com o mais absoluto bom gosto, conforto e luxo, nada ficando a dever aos melhores do gênero de toda a América do Sul”. Quem conta é o jornalista Odorico Tavares (1912-1980), em reportagem de sete páginas, publicada na extinta revista O Cruzeiro, dias depois do acontecimento histórico. A hoje esquecida Cipó possuía então “as mais famosas águas termais do Brasil”.










A piscina do Hotel

Dona de um quiosque de sorvete ao lado das “cascatas” artificiais na atual Praça das Águas da cidade, Maria José Silva Reis, a Menininha, de 69 anos, lembra como se fosse agora. “Eu tinha 10 anos, era magrinha, parecia um ‘belisco’. Todas nós, estudantes, de camisa de algodão branca de botão e sainha plissada azul-marinho, estávamos em fila, esperando o presidente, que chegou andando no meio do povo, ao lado dos cavaleiros e das charretes. Me arrepio só de falar, olha.”
À noite, com as ruas iluminadas pelas fogueiras de São João, e as luzes dos fogos de artifício refletindo nas águas do Rio Itapicuru, a festança continuou, com um jantar servido por negras baianas de torço e saia brancos, que serviram vatapá e outras iguarias – nada a ver com a região, onde se comem carne de bode e aipim. Um baile caipira nos salões do Grande Hotel durou até a manhã do dia seguinte.

Festas acabadas, a glória de Cipó duraria pouco. A estância termal tinha vivido o seu auge nos anos 1930 e 1940, quando o cassino da cidade atraía os usineiros ricos de Alagoas e de Pernambuco. Famílias inteiras vinham de todos os cantos do País para banhar-se nas águas sulfurosas radiativas, com propriedades terapêuticas, exploradas durante 30 anos pelo médico Genésio Salles, especializado na França. O tratamento durava 21 dias e, reza a lenda, até leprosos foram curados ali. Ricas em cálcio, magnésio, lítio e outras substâncias, as águas de Cipó têm fama de ser eficazes contra problemas de pele a reumatismo, arteriosclerose, doenças do estômago e “fraqueza genital”. “A água só não é boa para quem tem doença do coração e para mulher grávida, que perde o neném”, adverte a dona de casa Ilma Góes. Os efeitos curativos devem compensar o paladar terrível da bebida, tomada aos litros por quem acredita nela.
fotos do Balneário de Cipó na época de funcionamento entre os anos 30 e 50;






Cartão Postal;

o abandono;

Após o abandono,as décadas se passaram e as casas de banho foram engolidas pelo mato



Para não deixar de aproveitar as águas termais, 
a cidade construiu cascatas na praça, uma bica onde se bebe a água termal e uma piscina;








Sem o jogo, proibido no Brasil por Eurico Gaspar Dutra em 1946, o Grande Hotel não iria adiante: Getúlio, Chatô, Rosa e companhia abrilhantaram, na verdade, a inauguração de um dos maiores elefantes brancos da história nacional. Quem percorre os 242 quilômetros de estrada da capital Salvador até Cipó avista, de longe, pouco depois da placa que anuncia a chegada à cidade, o prédio gigante, destacado entre as construções baixas do município de pouco mais de 15 mil habitantes. 




“O hotel funcionou a pleno vapor, mesmo, só durante um ano”, conta o professor Evandro de Araújo Goes, o “sábio” do lugar, que pesquisou a história de Cipó desde a descoberta de suas águas, no século XVIII, quando se chamava Vila do Cipó e, mais tarde, Mãe d’Água do Cipó. Em 1935, transformada em estância hidromineral, passou a ser Caldas do Cipó, hoje apenas Cipó.


Cynara Menezes escreveu este texto em 2011. Hoje, ''O sábio do lugar'', como ela se referiu ao Professor Evandro de Araujo Goes, já é falecido. Nasceu em 24 de Julho de 1937 e partiu em 07 de Outubro de 2016.
Ele era a memória viva da cidade; não era meu parente, era das famílias da cidade; a minha é de uma das várias grandes fazendas de Cipó que com o tempo viraram povoados, o Buri.
Na primeira foto, o jovem Evandro Goes saltando no balneário de Cipó;
Na outra foto, já nos últimos anos.


Em 1928, o médico Salles, um aventureiro que fez a primeira viagem de automóvel pelo Sertão de que se tem notícia, havia inaugurado o Radium Hotel, atualmente em ruínas, com árvores crescendo pelas paredes. Bem ao lado do Radium e seu cassino, foi erguido o Grande Hotel que, volta e meia, seria restaurado, mas que ficou a maior parte de sua existência vazio, despertando o saudosismo da população. O clube balneário, com seus banheiros e piscinas termais, foi inteiramente alagado pelas cheias do Rio Itapicuru, em 1969.

Radium Hotel, onde funcionava o cassino,
que atraia gente de muito longe





O abandono dos prédios dá ao lugar um ar de cidade fantasma, em que o tempo se esqueceu de passar. Até a década de 1980, quando foi reinaugurado com estardalhaço, mas sem nenhum sucesso, pelo governador Antonio Carlos Magalhães, o Grande Hotel ainda ostentava um piano de cauda e o mobiliário original. Atualmente, só os andares térreos são ocupados, por órgãos da prefeitura. Os demais cinco andares foram lacrados.
“Ao longo dos anos, maus cipoenses foram roubando lustres, mobília. A suíte presidencial, onde dormiu Getúlio Vargas, foi inteiramente depredada”, conta o professor Goes. Não sobrou nada da suíte, nem mesmo os vasos sanitários. 

Em 2009, um funcionário da prefeitura, ao tentar atear fogo a uma colmeia de abelhas nos andares superiores, incendiou parte do telhado do hotel. Os “bons” cipoenses choravam copiosamente diante do edifício em chamas, a quem se apegaram nessas seis décadas como a uma joia de família. Foi preciso vir um carro de bombeiros da vizinha Paulo Afonso para que fossem domados o fogo e a tristeza da população, eternamente crédula de que o velho hotel voltará um dia aos tempos áureos.

Dos dias de fausto, ficou nos habitantes da cidade um curioso sentimento de que tudo aconteceu ontem, como se a água termal tivesse um efeito mágico sobre a memória. Nos jardins do velho Radium, com as janelas inteiramente lacradas, o vendedor de refrigerantes explica que as rodas de jogo no cassino, proibidas 40 anos antes, “aconteceram até os anos 1980”. Na praça, a senhora que vende sorvetes jura que “pouco tempo atrás” a cidade vivia lotada de turistas, a quem os locais chamavam “banhistas”. Nos folhetos turísticos, a Cipó dos edifícios históricos abandonados é descrita como “uma das cidades mais belas do interior da Bahia”.
O velho aeroporto onde pousaram Vargas e sua comitiva foi substituído por outro, inaugurado também pelo finado ACM, na década de 1990, sempre com a esperança (ou a promessa) de ressuscitar o turismo em Cipó. Nada feito. “Às vezes eu penso que a construção desse hotel foi ruim para nós”, especula o vigilante do Aeroporto Bento Macedo, queixando-se da solidão do campo de pouso, onde mora, à espera de aeronaves que nunca descem. Como o turismo ficou na lembrança, de cada três habitantes da cidade, dois vivem do comércio de artesanato – redes e cortinas –, que vendem inclusive em países vizinhos. Uma via de Cipó é conhecida como “rua dos argentinos”, porque seus moradores construíram as casas depois de sucessivas idas e vindas à terra de Cristina Kirchner. “Eles falam um portunhol retado”, conta Bento.
“O Grande Hotel não foi um bom presente para Cipó”, concorda Noure Cruz, professor de História e ex-secretário de Cultura do município. “O governo, dono do hotel, não investiu em atrair turistas como fazia Genésio Salles, que possuía até agência no Rio de Janeiro para trazer gente para cá.” Segundo Cruz, a cidade não prosperou porque não foi construída para os próprios habitantes, e sim para os que vinham de fora. “Os moradores ficavam à margem e os turistas ficavam no centro. A população não se sentia bem no meio daquela elite.” Na época do médico Salles, os banheiros termais eram separados por “doenças de pele”, “doenças internas” e por classe social: somente um dos dez chalés de madeira podia ser utilizado pelos “pobres”. Hoje, ao menos, as cascatas são de uso público.
Antes da construção do Grande Hotel e da praça Juraci Magalhães, havia este casario e a praça do mercado e da feira. com as desapropriações o mercado e a feira foram para outra rua onde estão até hoje. 


As casas de banho antes da construção do balneário

A tragicomédia da cidade está às vésperas de ter, quem diria, mais um capítulo. No ano passado, por meio do PAC das Cidades Históricas, o Ministério da Cultura assinou um convênio com a prefeitura que prevê a liberação de 35 milhões de reais para restauração do Grande Hotel, do clube balneário, do Radium Hotel e do prédio da prefeitura, que formam um dos maiores conjuntos urbanísticos em estilo art déco do Brasil. A ideia é transformar parte do monumental edifício em um hotel-escola, administrado pelo Senac. A outra metade do prédio seria utilizada pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) como campus no Semi-Árido. Para o Radium Hotel, os planos são transformá-lo em centro de convenções.


Vista aérea de Cipó antigamente e hoje (veja no canto esquerdo do hotel, o balneário, e na foto atual,engolido pelo mato. Esta foto  atual foi tirada por nosso primo Luan Gama. 


“Vamos tentar algo novo”, promete o atual secretário de Cultura e Turismo, Dernival Santana. A 100 quilômetros dali, a estância hidromineral de Caldas do Jorro tem ocupação turística constante, mas Santana torce o nariz para “o turismo farofeiro” de lá. “Queremos o turismo de saúde de volta a Cipó”, sonha. “Com a popularização dos antibióticos, as pessoas abandonaram as águas medicinais, não foi só em Cipó, não. Mas os tempos mudaram e hoje tem um renascimento das terapias alternativas”, aposta o prefeito Jailton Macedo. “Nosso projeto tem tudo para dar certo, porque não basta revitalizar o prédio, tem de movimentar a cidade. Isso vamos conseguir com a vinda dos universitários”, diz. Às voltas com o Tribunal de Contas, Macedo precisa provar que, ao contrário dos antecessores, não dará outro destino às verbas para restauração e que não deixará o Grande Hotel de Cipó continuar à espera da glória.''
NOTA DESTE BLOG:  a matéria de cynara menezes é de 2011, já se passaram outras gestões e secretarias. em 14 de novembro de 2015 foi anunciado e apresentado do projeto de restauração do conjunto arquitetônico-urbanístico ‘art déco’ e neocolonial na Câmara de Vereadores da cidade.
Com investimento de R$ 105 mil, o projeto contempla o prédio tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) em 2008, onde funcionava o antigo Balneário. 



Imagem da Maquete do Projeto de Restauração e Requalificação do Balneário de Cipó, concluído em dezembro 2016, com apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia, através do Edital Setorial de Patrimônio Cultural, Arquitetura e Urbanismo, executado pelo IPAC - Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. O projeto executivo facilita a captação de recursos para a tão esperada revitalização deste patrimônio da Bahia que é fundamental para a história de Cipó e de seu conjunto arquitetônico.
Outras coisas boas que estão acontecendo você pode conferir na página do ''Fórum Cipó'':
https://web.facebook.com/forumcipo

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Cynara Moreira Menezes é jornalista. Foi repórter em diversos veículos de comunicação, como Folha de S.Paulo, Veja e Carta Capital; atualmente, escreve também o Blog Socialista Morena, que fundou em 2013.

QUATRO HISTÓRIAS DE AMOR

O livro "O Umbuzeiro - Ohzadias de uma família baiana" continua em andamento. 
Sim, faz tempo. Mas quem sabe todo este tempo não aguarda sua participação? 
Será que haverá alguma menção sobre seus avós, bisavós e pais? 
Se você ou outra pessoa enviou, sim. Daí você responde: 
- Ah, mas TEM que constar meu avô, ele que fez isso, isso e isso! 
- Concordo, mas cadê a história, a foto? Sem vocês, este livro jamais será completo! 
- Ah, mas eu não sei escrever bonito! Ah, vou escrever cheio de erro! 
- Não se preocupe, corrigirei tudo! 

Seguem aqui algumas histórias do capítulo "Histórias de amor" (já com correções, adaptações e acréscimos meus): 

De Nalvinha Alves: 
MINHA TIA ERA MINHA AVÓ 
Muitas histórias podem ser contadas sobre famílias. Começo dizendo que a minha, quando eu era menina, dava um nó no meu cérebro, pois meu pai, nascido na Fazenda Pombal. município de Teofilândia, aos 10 anos de idade perdeu a mãe, minha avó Ramira Emília de Araujo, de apenas 37 anos. Meu avô José ferreira de Araújo, conhecido como "José de Canário", viúvo e com dois filhos para criar, viajou por esse mundo afora sem muitas conquistas por onde andou. Retornando a fazenda Pombal, começou a visitar o Buri, onde fazendo negócios nestas idas e vindas conheceu minha tia Ana Rosa, conhecida como Naninha. Passado um tempo, casaram e foram morar "no Pombal", em Teofilândia. 
Nesse período, meu pai ia crescendo e ficando um rapaz muito lindo 😃 , e nos passeios para o Buri começou a namorar com minha mãe Edinalva, Irmã de Naninha. Namoraram, noivaram e casaram. Pai e filho viraram cunhados, tiverama mim e meus seis irmãos. 
Durante muito tempo eu ficava imaginando como minha tia podia ser minha vozinha, como nós chamávamos nossa saudosa Ana Rosa, Naninha? Essa é minha historia 😃. O que tenho sempre na minha lembrança é a casa dos meus avós que ate hoje ainda existe. 
Lembro com muita saudades de um pé de juazeiro que tinha em frente a casa onde brincávamos muito e onde, conta minha mãe Edinalva de Ozana, que ali também, quando ela era solteira, havia todos os anos uma grande reza de leilões no dia de São Sebastião, 20 de janeiro. 

De Mary Wam Reis: 
FILHA DE GRACINHA 
Meu pai Celsimar Araújo de Sá, veio de Pernambuco com meu avô Sebastião de Sá, conhecido como "Sebastião da cebola" e minha avó Valdemira Araújo. Assim meu pai conheceu minha mãe Maria José dos Reis Santos, conhecida como "Gracinha", em uma reza, filha de Maria José Reis dos Santos, neta de Maria de Rosa dos Santos e João Mariano dos Reis, conhecido como "João Bilu". Os dois namoraram e minha mãe engravidou de mim, eles não casaram, mas tem uma boa convivência. Hoje meu pai mora em São Paulo e minha mãe no Buri. 

De Edna Santos: 
BATISTA E MARIETA, HISTÓRIA DE FILME 
Uma jovem muito bela, como inda nos anos 50 era de costume, foi prometida ao filho de um fazendeiro. Enquanto o rapaz, por sua vez, esperava o tempo determinado para se casar, sonhando com o tempo que se aproximava, as surpresas do meio de caminho interromperam essa história, pois a noiva Maria da Glória, "Marieta", como era conhecida, resolveu contrariar seus pais, ousando sonhar com o seresteiro e galã chamado Batista, que logo arrebatou seu coração. Como costume da época, em uma festa mulheres iam de branco, por questões religiosas. 
Ela se preparou para aquele grande dia, e na maior surpresa, num grande choque para todos, Marieta e Batista se casaram, mudando todo destino traçado por seus pais e fazendo sua própria história. Para susto e perplexidade de sua família, tiveram dezoito filhos, sobrevivendo treze, que criaram e educaram com esmero. 
Batista, filho de Ana Jardilina, e Marieta, filha de Maria de Abílio, viveram longos anos. 
Ela faleceu em 2013. Ele há mais de 20 anos. 
Um detalhe... Batista também era noivo, e a noiva ainda vive. O noivo prometido de Marieta também está vivo e lembra de vez em quando dessa história. A história de meus pais, o casal mais lindo que já conheci. (O casal da foto)


De Eliene Matos Silva: 
CUNHADOS COMBINADOS 
Mãe nasceu no Burí. Ela tinha quatorze anos quando meu pai a conheceu. Ele foi com tio Enézio ao Burí, pois o mesmo foi cortejar tia Dalva (risos). Ele convidou meu pai já de treta (risos). Foi assim que minha mãe o conheceu. Dois anos depois, casaram, em Janeiro de 1947. Tiveram onze filhos, sendo oito vivos hoje. Ela tem vinte e cinco netos, dezoito bisnetos e dois trinetos. Sou grata a Deus por minha existência. 

Gratidão! 
Aguardo mais colaborações!

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

AJUDE A FAZER NOSSA ÁRVORE GENEALÓGICA

Caríssimos primos...
Peço este favor, não somente para mim, mas para nós, para nossos ancestrais e para a nossa posteridade. 
O livro "O Umbuzeiro - Ohzadias de uma família baiana" está cada vez mais bonito, modéstia à parte, e tudo graças a centenas de primos de todos os lugares que tem colaborado com histórias, dados, fotos, fatos, videos, de tudo um pouco. 
O título do livro se dá graças a uma conversa que tive com a prima Niclécia há alguns anos em que ela me mostrou a foto de um umbuzeiro mencionando como se parecia com nossa família: Galhos entrelaçados como nossa árvore genealógica cheia de casamentos consanguíneos; sem contar que é a árvore que resiste a seca, e ainda na seca se mantém com folhas e dando frutos, graças a suas raízes profundas. "Ohzadias" de uma família baiana é para enfatizar o regionalismo e a livre e fácil linguagem que haverá. 
No livro, são duzentos e cinquenta anos de histórias de lutas, histórias de amor, histórias tristes, etc. Mas faltam muitos dados neste quebra cabeça e decidi pedir que me ajudem respondendo (o que souberem, não precisa ser tudo se não souberem) este questionário clicando neste link: 
https://goo.gl/forms/UZwqTktSqzgtZYJl1

Ainda que seus irmãos, pais e filhos respondam, a sua pode conter uma informação preciosa que eles não mencionaram.
Abusando mais um pouco, peço mais uma vez... por favor, encaminhem esta mensagem aos primos 
Vocês me ajudam, por favor? 
Vocês estarão contribuindo para sua própria memória, para não sermos perdidos pelo tempo com tanta história bonita a ser contada. 
Para os que não conhecem, deixo aqui um pouquinho de nossa história em documentários caseiros: 
1 – Nossas origens mais ancestrais, judaicas: 
http://oumbuzeiro.blogspot.com.br/2015/11/antes-do-umbuzeiro.html ;
Lembro ainda que temos um grupo de intercâmbio no facebook atualmente com mais de 800 primos de toda parte, segue o endereço:


Respondendo antecipadamente algumas questões que vocês devem estar fazendo para si agora:
1 - Por que envolver-me com isso se não tenho interesse nessas coisas de família?
Resposta do Danilo: Porque eu tenho interesse por nós todos, mas necessito de ajuda porque sem você este projeto não acontecerá.
2 - Por que vou responder se você já sabe? Meus avós são os mesmos que os seus.
Resposta do Danilo: Porque da mesma maneira que tive minhas conversas com nossos avós e bisavós você também teve, e certamente há algo que você ouviu que eu não conheço e que pode ser útil para nossa história.
3 - Esse cara já sabe tudo, que amolação!
Resposta do Danilo: Ninguém sabe tudo, ainda mais eu. Não sei mesmo. Tudo o que sei aprendi perguntando. Existem várias lacunas na árvore e na história a ser completada, e pode ser que você tenha esta peça do quebra cabeça e nem sabe.
Por favor, me ajudem com mais esta!
Desde já minha gratidão.
Desabafo que de verdade está me esgotando de toda e qualquer esperança que um dia alguém além dos amigos de sempre (menos de dez, de quase mil neste grupo) farão algo que peço aqui.
Eu peço fotos, ninguém tem... mas vez ou outra a mesma pessoa que não tem abre o bau e posta foto dos pais ou avós em sua linha do tempo.
peço histórias ninguém tem, querem que eu acredite que jamais ouviram uma ou outra historia;
Um dia este livro vai sair... e certamente ouvirei várias pessoas dizendo que eu não mencionei seu pai, seu avô, mas isso eu vivo dizendo que não depende de mim, mas de vocês.
As histórias vem de vocês, o que farei é editar, mexer nas palavras, romancear, etc.
Temos um blog que ninguém visita, eu não entendo que tanta má vontade vocês tem de que nossa história e a história de nossos ancestrais aconteça.
Sabem por que muitas coisas do passado a gente não sabe? Porque nossos bisavós, trisavós e etc eram como este grupo...
Não se autovalorizavam.
Tem muita gente no mundo que é capaz de ler muitos livros que contam historias familiares e se deliciarem nisso, e não darem um valor sequer à riqueza de fatos que tem em seu DNA.
Nossos ancestrais foram uns dos sesmeiros afortunados de uma de tantas capitanias da Casa da Torre da Bahia; a fortuna de Gaspar e o terreno do Buri foi avaliado em seu inventário em mais de quarenta milhões de Reais em dinheiro de hoje; Seu genro Quinquim, que aos oitenta anos foi martirizado por Lampião foi mais rico do Gaspar! A gente teve ancestral na guerra de Canudos, lá no olho do fogo da guerra! Nossos ancestrais foram vaqueiros valentes e promissores, outros foram agricultores abençoados, outros foram grandes e temidos homens da lei. Num sertão remoto no meio da caatinga, onde nas cidades vizinhas só existiam coronéis que mandavam filhos estudarem fora e o resto do povo era feito de miseráveis e analfabetos, explorados e mortos de fome, quando não jagunços ou fora da lei, nossos ancestrais eram todos alfabetizados, e isso acontecia ali mesmo, entre eles Por serem assim, mesmo sem formação, mas alfabetizados foi que quando começou a desenvolver-se como vila foram escolhidos, por serem alfabetizados! O primeiro juiz de paz de Cipó foi nosso ancestral, o primeiro professor também, o primeiro delegado, o primeiro vereador, sem contar os inúmeros ancestrais que desenvolveram as mais diversas culturas de engenho e cultivo da terra! Só não temos o primeiro convertido ao evangelho porque o Macário (veja o livro "O Lutero do Sertão") conheceu o Evangelho antes, mas o primeiro Cipoense a ser pastor é nosso ancestral, alias o segundo e o terceiro também!
E não se trata de mais um arraial do agreste insólito e perdido não... Nossa família foi abençoada num paraiso de águas termais, num verdadeiro oásis no meio do semi árido baiano!
Nossa história é magnífica!
Tem coisa feliz pra ser contada, tem coisa triste, tem muita coisa engraçada...
Mas não tem nem metade da história ainda, EU PRECISO, DEPENDO de vocês!
Obrigado por lerem.
Lembrem-se de um ditado mais ou menos assim:
"O povo sem tradição morre uma vez a cada geração".
Obrigado.

A CANÇÃO DOS ESCRAVOS


A forja onde o nosso sangue foi fabricado, através de milênios de ascensão e queda num círculo vicioso de sofrimento e alegria, onde de maneira que o mundo nunca compreendeu, na derrota ou na vitória, adorávamos nosso Deus...
Neste video que aqui apresento... "Vá Piensero", um dos movimentos da ópera "O Nabuco", de Giuseppe Verdi, conhecido como "O canto dos Escravos"...

Tradução:
"Voa, pensamento, com tuas asas douradas
Voa, pousa-te nas encostas e no topo das colinas
Onde perfumam mornas e macias
As brisas doces do solo natal!

Cumprimenta as margens do rio jordão
As torres derrubadas de jerusalém
Oh minha pátria tão bela e perdida!
Oh lembrança tão cara e fatal!

Harpa dourada dos grandes poetas
Porque agora estas muda?
Reacendas as memórias no nosso peito
Fale-nos do bom tempo que foi!

Como sòlima fez com o destino
Traduz em musica o nosso sofrimento
Deixa-te inspirar pelo Senhor
Porque nossa dor se torne virtude!"

Neste outro link, a ópera completa: