quinta-feira, 22 de outubro de 2015

UTOPIA

Distantes ou perto
Longe da terra de seus ancestrais
Ou no berço certo
Há um povo de características tais
Que não se iguala ao caboclo nordestino
Nem ao galego sefardita
O Sol do sertão baiano foi seu destino
E os traços de seus olhos, de origem israelita
Na caatinga encontrou seu rumo
Vestiu o gibão do vaqueiro
Trocou a uva pelo umbu e seu sumo
Continuou com seu Deus verdadeiro
Mas trocou Shalom por Oxente
Modificou seu sobrenome de origem
Mais de uma vez, outra vez, inteligente
Jurou pelo amor da Virgem
Pra se livrar da fogueira
Seus filhos não sabem quem são
Pensam que arrastam eras
Perdidos no sertão
Ser... tão.... distante, sertão distante
Almas confundidas
Misturadas entre si de modo constante
Continuam sua lida
Sem ao menos ter ideia
Que nesta vida
Os lobos tem alcateia
Os peixes cardume
Os bois manada
Até os vagalumes
Que parecem voar pelo nada
Luzindo errantes
Tem uma rainha fada
Que une os seres faiscantes
E faz as suas faiscas
Brilharem unidas
Num luzeiro que pisca
Que pisca-pisca vidas.
Mas os descendentes do Buri
Que não nasceram lá
Não tem apego, não vi
Não sentem seu DNA
Não ouvem a voz do sangue
Do pulso que pulsa salmos
Não são como bumerangue
Levam seus dias calmos
Não se atém para dentro
Que no fundo do quengo
Lá no coco, bem no centro
Tem triângulo com dengo
Tem zabumba que não vacila
Tem sanfona com xamego
Tem baião com Hava Nagila
Tem xote com Hine Matov
Tem cordel com Tehilim
Tem festa quando chove
Lá José é Zim
Manoel é Maninho
Senhor é Ioiô
Pai é painho
Voinho é o avô
Faz tempo é d'ôje
d'ôje a oito é Semana que vem
E cor de burro quando foge
Não existe, não tem
Porque nunca dá tempo disso acontecer
Lá tem vaqueiro valente, peão coisado
Com sangue nos zoio a correr
E se o burro foge, coitado
Dá dois passos e cai
Nem percebeu ser laçado
Fugir de novo não vai
Nem o boi desaforado
Nem o cavalo atrevido
Quem manda lá é o cabra da peste
E bicho maluvido
Que não passa no teste
Vira matula na roça
Alimenta o agrossistema
E você, primo que acha que é da bossa
Que é carioca da gema
Que é paulista da garoa
Que é mineiro esperto
Que é mochileiro e vive a toa
Que é estrangeiro sem rumo certo
Que é gaucho da peleia
Que é catarinense juliano
Que é capixaba de muqueca cheia
Que é paraense curitibano
Que é goiano, matogrossense, ou sulmatogrossense,
Sergipano, piauiense,
Pernambucano, cearense,
Alagoano, tocantinense,
Potiguara, maranhense,
Rondonense, paraense,
Amapaense, amazonense, roraimense,
Seja lá de onde acha que pertence,
É semita a sua raiz,
Judeu, assim te chamo
Hibérico, seu tronco diz,
Espanhois e portugueses os seus ramos
Nordestinos os seus frutos, suas folhas
Queira você esconder, apagar
Você não tem essa escolha
Não é pegar ou largar
Vista o gibão na alma marrana
Ponha o solidéu na cabeça hibero-americana
Bote a cruz de malta na precata baiana
Bula tudo in riba de um tacho de melado de cana
E esta é a receita pra fazer você
Ame suas origens, sua história, seja sábio,
Não renegue que em suas veias tem dendê
Pastel de belém nos lábios
Maçã com mel no sorriso
Junte-se mais, traga os seus
Enterre seu preconceito de parente
Com a ajuda de Deus
O empenho da gente
Não seremos como o ditado
Que um povo sem tradição
Sem apego, sem cuidado,
A cada geração
Morre uma vez
Não sei quanto ja morremos
Mas quem sabe, talvez.
Juntos poderemos
Mudar
Fazer diferente
Voltar
Ser um novamente
Resgatar tradições perdidas
Fazer encontros novos
Deixar um legado às novas vidas
Misturar os costumes dos povos
Criar uma nova tradição
Fazer ela perpetuar-se
Compor nova canção
Cada um habituar-se
E nunca mais nos perdermos
Ao contrário, cada dia descobrirmos além
Todo dia nos conhecermos
Se você quer ver isso acontecer: - Venha também!

Danilo Marques

Se você é desta família e este texto te sensibilizou, se você quer um novo tempo nesta familia (me refiro a graaande familia espalhada), colabore, leia os textos (na íntegra, pois muitos que curtem, depois perguntam de assuntos que eu já publiquei), tente ajudar como você puder, somar, dê o seu melhor. Traga os primos, assista o video "O Umbuzeiro" e leia a s novas chamadas explicativas sobre a família e os pedidos de ajuda e colaboração.

SE NEM TUDO PODE SER RESGATADO, VAMOS RECOMEÇAR!

    Video:




Um comentário:

Unknown disse...

Obrigado!
Danilo Marques ,por nos presentear com essa maravilhosa obra, por seu empenho e dedicação em busca de nossas origens.

Show!
Parabéns!