José Vítor vaqueiro era filho de Odilon e neto de Joaquim Santana.
Alguns de seus irmãos: Manoel Vítor, João Vítor, Maricota, Fenelon, minha avó paterna Maria Isabel, a qual não conheci. Os outros citados eu tive a oportunidade de conhecê-los.
Sabemos pouco sobre a vida de Zé Vítor vaqueiro, mas o suficiente para acreditar que ele tinha um dom especial, era um vaqueiro afamado, com seus aboios improvisados emocionava a todos que o escutava. Com D. Francisca Lucas conhecida como Chica Luca, teve as filhas Julinha e Julieta.
Julieta atualmente moradora aqui de Olhos D’água, não lembra dele, mas lhe contam que seu pai colocava ela e a outra filha Julinha no colo e soltava intensos aboios.
Pela sua capacidade de lutar com gado, foi convidado a trabalhar em uma fazenda em Esplanada onde seu destino estava traçado a viver ali por pouco tempo pois logo seria vítima de uma emboscada armada pelo seu patrão ciumento, com medo de perder sua amada.
José Vitor foi assassinado e de acordo com populares que se faziam presentes na região, onde aconteceu tal homicídio, foi relatado que o acusado declarou que cometeu tal atrocidade por ter confundido a vítima com uma araquã no meio da mata fechada. Quando José Vitor morreu, Julinha tinha sete anos e Julieta tinha cinco. Meu pai com 92 anos que também foi vaqueiro, sobrinho do saudoso José Vítor vaqueiro, conta algumas histórias dele e que nos emocionam. Uma delas é de que ele conhecia seu gado de forma individual pele rastro que cada um deixava no chão, e a coragem de enfrentar boi valete, e seus repentes em forma de aboio como já foi citado no início desse relato.
Ele tinha um amigo chamado Janjão que morava na Mandaçaia; um certo dia ele numa roda de conversa por volta de umas dez horas da noite desafiou ao Zé Vitor a pegar na mata fechado um boi valente e trazê-lo até as quatro horas da manhã ao matadouro. Desafio aceito, Zé Vítor convidou seu companheiro de luta Paulozinho, o qual se fazia presente, mandando buscar dois cavalos e logo seguiram com destino aonde estava o boi. Assim que chegaram no lugar indicado, se depararam com o gado descansando na malhada; assim que o boi percebeu a presença dos dois, saiu assustado na mata fechada, Zé Vitor o seguiu montado em seu cavalo em busca do boi valente, perdeu-se de vista do seu companheiro, mas logo em seguida foi encontrado já com o boi no chão e laçado. Logo retornaram com o boi na corda passando aqui em Olhos D’ água, por volta das três horas da manhã soltando seus aboios e acordando os moradores, os quais se emocionavam ao ouvi sua voz tocante e seus versos improvisados.
Ele era cunhado e amigo de seu Zé Lucas, muito conhecido e muito querido aqui da nossa comunidade. Assim como o próprio Zé Vitor e muitos outros criadores botavam seu gado no tabuleiro e de vez em quando iam olhar, para ver como estavam, até que um dia sumiu algumas cabeças desse gado do rebanho de seu Zé Lucas. Alguns meses depois ao fazer uma viagem, eu não sei dizer exatamente o destino, mas provavelmente para a praia, já que seu Zé Lucas era tropeiro, no caminho resolveram parar para descansar, e de repente ele avistou em uma roça pessoas com algumas cangas de bois arrastando arado. O Zé Vitor olhou para o Zé Lucas e disse, amigo ali tem dois dos seus bois que foram roubados, encangados. Seu Zé Lucas retrucou: que nada rapaz! Você está enganado. Então se você não acredita vamos lar ver. Chegaram pra perto e a tal suspeita foi confirmada. Questionaram ao falso dono, ele confessou que tinha comprado. Comovido com a situação os bois foram devolvidos, pois os mesmos tinham sido fruto de roubo.
Zé Vitor tinha suas limitações, como ser humano também foi um pecador, assim como eu e você. Mas confiamos em Deus que sua alma se encontra descansando ao lado de Deus. Descase em paz tio Zé Vítor!
Rogério Santana
Imagem ilustrativa.
Fonte da imagem:
abihrn.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário