Quando a graúna tatala forte
Suas asas no sertão
O coração do vaqueiro bate mais elas;
Não, não pensa em má sorte
É sardade misturada com emoção
E as lembranças mais belas.
Tais lembranças não estão na memória,
É algo inexplicável
Parece que a alma trouxe junto;
Circula pelo corpo as linhas desta história,
Passado inalcançável,
Que não finda o assunto.
E aquele assum preto traz pra gente
O galope do marrano dos Reis,
Gaspar cabra da peste!
Da cor dos seus cabelos, batem veementes
As asas, como cavalos, dois, três,
A perder-se no horizonte do Nordeste.
Neste céu da cor dos seus olhos,
Ela volta e rodopia sobre a fazenda,
E o trote vai e volta sobre a areia;
Eu sinto, nos porões dos refolhos
Da alma que não carrega lenda
Mas o sangue do Buri nas veias...
Em cada alvo grão deste solo, cave,
E verá que suor e sangue regaram vagas
Que somente o Sol baiano viu;
Que o canto mavioso da ave
Ressoe nestas plagas:
- Fico- tíu! Fico-fico ti-tíííu!
E na combinação dos sinos
Em notas oportunas,
Que o gado traz molengo,
O buri já teve um hino:
O ranger das rodas, o canto da araúna,
E o "tengo-lengo-tengo".
Talvez um médico já ouviu,
Quando a consultar um de nós,
E nada falou, sem entender;
Era o eco das margens do rio,
Quando "o painho" pensava só,
Co'as estrelas a se perder:
Ouviram do Itapicuru as margens quentes
De um povo ohzado o seu sotaque belo
E O Sol da esperança já brilhava;
Não há penhor que pague a nossa gente,
De braços fortes e o olhar singelo
Que desde ali o porvir desafiava.
Canta e voa, passupreto!
Leva um recado a todo filho espalhado,
Que se lembrem quando tu cantar:
- Quem não aprende sua história não é completo,
Quem aprende é apaixonado,
E deseja retornar.
Danilo
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