sexta-feira, 15 de novembro de 2024

OS FILHOS DE JOSÉ ANTONIO DE GASPAR




Em meados do Século XIX, dividido entre os doze filhos de Gaspar, a fazenda Buri logo se tornaria povoado, quando estas doze partes fossem divididas entre os inúmeros netos.


Um desses doze herdeiros, José Antonio, estava muito interessado numa prima lá das bandas do outro lado, mas ela estava prometida a outro.


Francisca Bibiana de Sant'Anna amava José Antonio dos Reis, filho de Gaspar e Antônia. Casou-se, porém, com o homem que seu pai decidiu que deveria ser seu marido. Coisa infeliz e muito comum na época, independentemente de lugar, classe social, credo, ou o que mais que seja.


Porém, Francisca e "Zé do Buri" tinham um plano... Ela casou. Durante a festa pediu licença e foi para o quarto se trocar. Tirou o vestido de noiva, colocou outro. Colocou outro por cima, e outro; mais um, mais outro e mais outro. Vários. Então foi à janela e em instantes já estava na garupa do cavalo de José Antonio rumo ao Buri, no horizonte à frente.


Estamos falando das décadas de 1860/70, e a fazenda Buri mantinha, infelizmente, como a maioria dos latifundios brasileiros, pessoas escravizadas. Não importa quem tratasse bem, só o fato de ser escravizado já era mal trato. Porém, dentro dessas circunstâncias consideradas comuns naqueles tempos, os cativos daquela casa em particular sofriam menos, vamos assim dizer. Por isso chamavam José e Francisca de Ioiô do Buri e Mãe Sinhazinha, respectivamente. 


Infelizmente no Buri houve quem castigasse. Mas na casa de Ioiô e Sinhazinha, não.

Houve no Buri até quem manteve pessoas escravizadas décadas após a abolição.

Mas ao contrário, bem antes da abolição, na casa de Zé do Buri sobrou somente um. Não sei dizer se foi por causa da Lei dos sexagenários, ou do ventre livre, ou se foram morrendo. Só sei que sobrou um, e em acordo com uma das cunhadas de Francisca, este trabalhava um dia naquela casa, outro dia na outra. Só que lá na outra ele era maltratado.

E ele contando à Mãe Sinhazinha, pediu: - A senhora me deixa ir embora? Prometo que se vier a abolição, eu volto para soltar fogos e a senhora saber que estou vivo.

Ela permitiu e ele se foi.

Numa noite lá pelo meio de 1888, houve fogos naquela porteira. Só não sei afirmar se alguém contou logo aos demais.


José Antonio e Francisca Bibiana tiveram dezessete filhos: Gaspar Antonio Neto, Domingos Alves, João Bernardino (João Buri), Luiz Gonzaga (Luiz de Senhora), Constância (Tância), José, Vicente, Antonio, Francisca (Chica de Rodolfo), Donanna, Mariana, Mariana Sinharinha, Joana Francisca (Vanum de Abilio), Elevita (Biita de José Ferreira), Maria da Laje (Maria de Thomás), Maria Pureza (Benzinha de Elpidio) e Ana de Alfredo (Nanã).

E todo mundo perguntava como Zé do Buri conseguiria casar dez filhas.

Pois não só as dez casaram, como Constância ficou viúva quase recém casada e logo casou-se novamente. 

Outra curiosidade foi que as gêmeas se chamaram ambas Mariana. Para diferenciar, uma passou a atender como Sinharinha.


Na imagem aqui apresentada, os únicos três filhos que tenho fotos: Domingos, Sinharinha e Constância. 


Aqui no grupo desconheço se há descendentes de Gaspar Neto, José (este citado), Vicente (este citado, pois há outros Vicentes), Antonio (este citado, pois há outros Antonios), Mariana (esta citada, pois há outras Marianas); temos, porém, muitos netos e bisnetos de Benzinha, Vanum, Biita, Luiz, João Buri, Maria da Laje, Nanã e Donana. 


Por favor, tragam fotos deles para nós.


Obrigado. 


"O povo sem tradição, morre uma vez a cada geração. "


Danilo

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